Davi Alcolumbre mantém silêncio sobre ataques ao Congresso
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
Representantes de várias instituições condenaram a participação do presidente Jair Bolsonaro na manifestação antidemocrática, realizada no domingo, com ataques ao Congresso e ao Supremo Tribunal Federal. Um personagem importante, porém, manteve-se em ruidoso silêncio: o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP).
Os presidentes ou representantes da Câmara dos Deputados, STF e Ordem dos Advogados do Brasil protestaram contra as falas em tom autoritário de Bolsonaro, reclamaram do apoio que o presidente da República deu ao ato, denunciaram agressões aos profissionais de imprensa. Alcolumbre, que é o presidente do Congresso, ficou calado.
A omissão foi criticada por senadores de linhas ideológicas tão contrastantes quanto Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Major Olimpio (PSL-SP).
"Eu atribuo isso a uma aproximação muito forte do presidente do Senado com o presidente da República. Acho lamentável", disse Rodrigues à coluna. "No posto que ocupa, ele não pode ser oposição a governo, mas também não pode ser vinculado a governo, porque isso impede que em momentos de crise tenhamos a palavra do Senado, a palavra do presidente do Congresso Nacional".
O parlamentar da Rede acha que a omissão é ainda mais reprovável no cenário atual do país. "Temos que lamentar que no momento em que a instituição está sendo atacada não se ouça nenhum tipo de manifestação de Davi Alcolumbre, enquanto, paradoxalmente, até o Ministério da Defesa reafirma sua lealdade à democracia e à Constituição".
Major Olimpio ironizou a mensagem intimidatória do presidente: "Comparo Bolsonaro com aquele amigo 'porra louca' que vai com você para a balada e fica bebendo e enchendo o saco a noite inteira, até o momento em que ele mexe com a mulher do cara mais forte da festa. Se você não controlar, ele vai aprontar confusão. O presidente vive para isso".
O senador do PSL fez dura crítica à falta de posicionamento de Alcolumbre. "Ele não fala nada porque quer ficar de mediador e construir pontes com o governo. Mas quando o Congresso está sendo atacado não pode ser assim", opina Olimpio, que concorreu à presidência da Casa contra Alcolumbre.
"Se eu fosse presidente do Senado adotaria outra estratégia, não iria assistir o Congresso apanhar sem responder. Depois, se fosse o caso, reconstruiria a ponte. Do jeito que está, o que a gente observa é prostração e subserviência", diz ele.
Apesar de deixar o Senado indefeso aos ataques de manifestantes bolsonaristas, a discrição de Alcolumbre é apoiada por outros senadores que aprovam sua proximidade com o Executivo.
Como a coluna mostrou, essa aproximação o levou a construir com o ministro Paulo Guedes a proposta do Senado para ajuda a estados e municípios afetados pela pandemia, bem diferente do projeto da Câmara, e deixou Rodrigo Maia (DEM-RJ) sozinho na defesa do Congresso diante dos arroubos antidemocráticos de manifestantes e do discurso ameaçador do presidente.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.