Jornalistas levam ao cercadinho perguntas que Bolsonaro não quer ouvir
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Toda vez que o presidente Jair Bolsonaro ofende jornalistas no cercadinho do Palácio da Alvorada, como aconteceu hoje, volta a questão: não seria melhor os profissionais de imprensa abandonarem aquela cobertura?
Nessa manhã, Bolsonaro, completamente descontrolado, berrou com repórteres, sem admitir perguntas: "Cala a boca!". A cena lamentável fez com que a discussão sobre a validade de os veículos manterem representantes em espaço tão hostil novamente movimentasse não só as redações, mas também as redes sociais.
Nenhum jornalista deve ser obrigado a aturar ataques desse tipo. Por mais de uma vez, equipes que estavam no local se retiraram, em protesto contra a falta de civilidade do presidente da República.
No dia seguinte, porém, lá estão os repórteres de volta, expostos aos humores de Bolsonaro e aos urros dos fanáticos governistas que ocupam o espaço ao lado.
Masoquismo?
Na verdade, o presidente adoraria um dia chegar ao cercadinho e ser recebido somente pela claque bolsonarista. Um vídeo por dia com aplausos e sorrisos representaria uma campanha de marketing e tanto nas redes sociais.
Os profissionais de imprensa, no entanto, sempre estão lá para fazer perguntas incômodas e mostrar as ideias desconexas de Bolsonaro, suas gafes, seus ataques de pelanca, seus discursos em tom autoritário.
Repetindo: nenhum trabalhador deve ser obrigado a aguentar agressões seja do presidente ou de qualquer outra pessoa. Os jornalistas que resistem, no entanto, não o fazem em vão.
Mostrar a verdadeira face do principal mandatário do Brasil é um serviço importante que a imprensa presta ao país.
Ao exibir Bolsonaro tal como é, o jornalismo faz justamente o que o presidente não gostaria que fizesse. Esse é o motivo da ira contra os repórteres: com suas perguntas, dia após dia os jornalistas insistem em lembrá-lo de assuntos que ele preferiria que caíssem no esquecimento.
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