Depois do bolsonarismo, surge o "weintraubismo"
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O surto psiquiátrico que acomete a vida política nacional obriga volta e meia a recorrer à frase que de tão repetida acabou virando clichê: nada é tão ruim que não possa piorar. Não bastasse o transe em que estão mergulhados os mais fanáticos seguidores do presidente Jair Bolsonaro — aqueles que há alguns domingos desembocavam na porta do Palácio do Planalto para pedir fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal —, surge agora uma corrente mais descompensada.
São os simpatizantes do ministro da Educação, Abraham Weintraub, que está deixando o cargo.
Nas ruas, a claque pode não ser numerosa, mas é barulhenta. Na segunda-feira, cinco ou seis desocupados do grupo chamado "300 do Brasil" gravaram vídeo na Esplanada dos Ministérios para reclamar da demissão de Weintraub.
O orador à frente dos personagens insólitos era Renan Sena, o mesmo que atacou as enfermeiras que homenageavam as vítimas da covid-19 e também participou do disparo de rojões contra o STF.
"Weintraub luta fervorosamente para salvar essa nação do comunismo", discursou o sujeito, olhando para a tela do celular.
O ministro tem também seus fãs nas redes sociais. Estes são em número bem maior que os de carne e osso. Tanto que já despertam ciúmes nos assessores de Bolsonaro por produzirem nos últimos tempos engajamento maior do que os seguidores do presidente em suas postagens.
O personagem que esculhambou o Enem por dois anos consecutivos, ofendeu professores, reincidiu nos erros de Português e pregou prisão para os ministros do Supremo é incensado por um grupo identificado com o discurso de extrema-direita.
Diante disso, Weintraub vislumbrou uma oportunidade. De olho em uma possível eleição, deixou-se carregar nos braços por sua trupe quando esteve na Polícia Federal e foi até o acampamento deles. Os dois momentos renderam-lhe fotos que, em ângulo fechado, podem fazer parecer que estava cercado por muita gente. Boa imagem para uma propaganda eleitoral.
Fazendo-se de mártir, ele aduba o plano de alcançar algum cargo eletivo para representar os mais radicais seguidores de Olavo de Carvalho em sua luta contra o perigo vermelho que só eles (e alguns militares) enxergam.
Quem achava exótico o bolsonarismo poderá ter que passar a lidar a partir de agora com outra categoria estranha: o "weintraubismo".
Pode parecer piada, mas não é para rir. No Brasil de hoje, os absurdos frequentemente se tornam realidade.
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