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Chico Alves

'Em choque', diz ex-ministro Temporão sobre prisão de cientista da Fiocruz

Ex-ministro da Saúde, José Gomes Temporão - Divulgação / STF
Ex-ministro da Saúde, José Gomes Temporão Imagem: Divulgação / STF

Colunista do UOL

06/08/2020 16h26

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O ex-ministro da Saúde José Gomes Temporão resume o sentimento dos colegas da área de epidemiologia diante da prisão do pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Guilherme Franco Netto: "Todos estão em estado de choque". Netto foi detido em Petrópolis, região serrana fluminense, onde mora, na Operação Dandários, desdobramento de investigações da Operação Lava Jato do Rio que apuram desvios na área da saúde.

Temporão trabalhou com o pesquisador na gestão ambiental do governo federal, quando estava no comando do Ministério da Saúde. "É epidemiologo, fez doutorado nos Estados Unidos, um cara altamente qualificado", diz o ex-ministro. "Estamos tentando entender o que aconteceu".

Netto é citado no depoimento de Ricardo Brasil ao Ministério Público Federal como integrante de um esquema ilícito que funcionava em 2016 em Goiás, estado natal de Baldy.

Segundo Brasil, Netto era o seu ponto de contato para direcionamento da admissão da empresa Vertude para contratação pela Fundação Nacional de Saúde.

Policiais federais chegaram à casa do pesquisador, na Avenida Ipiranga, no Centro de Petrópolis, às 6h, para cumprir a ordem de prisão temporária determinada pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal.

Os colegas que o conhecem na Fiocruz buscam peças no quebra-cabeças para entender quais são os indícios contra Netto, além do depoimento de um dos envolvidos.

"Com o rigor com que tudo o que fazemos na Fiocruz e a prestação de contas que é exigida, é difícil entender como possa ter ocorrido fraude", disse uma pesquisadora que não quis se identificar.

Atualmente, Netto desenvolvia trabalhos vinculados à vice-presidência de Ambiente, Atenção e Promoção em Saúde da Fiocruz. Escreveu inclusive textos importantes sobre saúde coletiva em parceria com a atual presidente da instituição, Nísia Trindade.

A fundação se pronunciou em nota: "A Fiocruz é rigorosa em seus mecanismos de controle e transparência inerentes ao sistema de integridade pública. O pesquisador Guilherme Franco é concursado e é um especialista de referência das áreas de saúde e ambiente, com extensa lista de contribuições à Fiocruz e à saúde pública. Diante das circunstâncias e como procedimento regulamentar, a instituição instaurou procedimento apuratóri". interno. A Fiocruz defende o princípio constitucional de presunção de inocência, tem convicção de que os fatos serão devidamente esclarecidos e está dando todo apoio necessário ao seu servidor, em contato direto com a família.

*Colaborou: Gabriel Saboia