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Chico Alves

No debate, Crivella evita propostas e somente ataca; Paes se mantém sereno

Eduardo Paes (DEM) e Marcelo Crivella (Republicanos) em debate na Globo - Reprodução
Eduardo Paes (DEM) e Marcelo Crivella (Republicanos) em debate na Globo Imagem: Reprodução

Colunista do UOL

28/11/2020 00h17

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Com todas as pesquisas apontando a liderança disparada de Eduardo Paes (DEM) na corrida à Prefeitura do Rio, o atual prefeito e candidato à reeleição entrou no debate da Globo disposto a tudo para virar o jogo. Desde os primeiros minutos, Marcelo Crivella (Republicanos) mirou a canela do adversário.

"Eduardo Paes vai ser preso, falo isso de coração partido, porque cometeu os mesmos crimes de Cabral e Pezão", disparou Crivella, já na intervenção inicial.

Debochado, fingiu preocupação com o futuro do adversário, dirigindo-se ao telespectador: "Se você tem simpatia por ele, se gosta dele, tire ele do poder".

A partir daí, o candidato do DEM começou sua saga de tentar não se deixar levar pelas provocações do atual prefeito. Essa foi a tônica do debate do início ao fim.

Decidido a fixar na mente do eleitor a ideia de que Paes é corrupto, Crivella repetiu várias vezes a palavra "roubalheira" e, referindo-se ao ex-prefeito, recitou seguidamente a expressão "rouba mas faz". Novamente fez acusações de favorecimento a empreiteiras e a empresas de ônibus com que recheou sua propaganda eleitoral.

Convidado por Paes a tratar de propostas para a cidade, Crivella não deu a mínima. "Mais importante que proposta é ver o caráter do candidato", disse o candidato do Republicanos, ratificando sua estratégia de atuação no debate.

O atual prefeito não usou apenas o mote da corrupção para atacar. Ao tratar de Educação, disse que Paes está sendo apoiado pelo PSOL - não é verdade: o que os psolistas decidiram foi não votar em Crivella - e por isso se ganhar vai implantar nas escolas a "ideologia de gênero".

Paes negou de pronto. Tentou mostrar algumas propostas, mas, provocado, repetiu muitas vezes que Crivella é o "pai da mentira".

O prefeito do Rio não citou em nenhum momento o nome do presidente Jair Bolsonaro, que declarou apoio a ele, mas seguiu a receita moralista que nos últimos tempos tem encantado parte do eleitorado em todo país.

O adversário esquivou-se, manteve-se tranquilo

Para quem gosta de golpes baixos, foi um debate e tanto. Crivella destilou homofobia, ao criticar o título do Rio de capital do turismo gay, e também preconceito religioso, ao dizer em tom pejorativo que Paes gostava de desfilar no Sambódromo com chapéu de Zé Pelintra, uma entidade da religião afrobrasileira.

Os que sintonizaram na Globo em busca das tão decantadas propostas, não aproveitaram quase nada.

Como saldo, será surpreendente se esse bate-boca televisivo mudar alguma coisa no ânimo demonstrado pelo eleitorado carioca até agora.