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Chico Alves

REPORTAGEM

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Polícia destrói memorial pelas vítimas da Chacina do Jacarezinho

Policiais do RJ destroem memorial no Jacarezinho - Polícia Civil do RJ
Policiais do RJ destroem memorial no Jacarezinho Imagem: Polícia Civil do RJ

Colunista do UOL

11/05/2022 18h43

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Agentes da 25ª Delegacia Policial (Engenho Novo) e da Coordenadoria de Recursos Especiais (CORE) destruíram nesta tarde o memorial construído na favela do Jacarezinho para lembrar as 28 pessoas mortas na operação feita em 6 de maio de 2021, que ficou conhecida como Chacina do Jacarezinho. A peça, que marcou a lembrança das vítimas registrando seus nomes em placas, foi inaugurada há cinco dias.

Na ocasião, o advogado Joel Luiz Costa, morador do local e defensor dos direitos humanos discursou, dizendo que "o que fica é: isso aconteceu, não pode mais acontecer e temos que lembrar para que não mais aconteça". Depois da demolição feita hoje, Costa registrou sua indignação no Twitter: "Não basta banalizar o derramamento de sangue, eles ainda tripudiam na nossa resistência. Seguiremos resistindo".

Em nota, a Polícia Civil justificou o ato por ter considerado o memorial como "apologia ao tráfico de drogas", já que todos mortos "tinham passagens pela polícia e envolvimento comprovado com atividades criminosas". A polícia também alega que a construção não tinha autorização da Prefeitura do Rio de Janeiro.

Memorial às vítimas da Chacina do Jacarezinho - Divulgação - Divulgação
Memorial às vítimas da Chacina do Jacarezinho
Imagem: Divulgação

Além disso, diz o texto, o memorial tinha uma menção ao policial civil André Leonardo de Mello Frias, assassinado pelos criminosos, que não foi autorizada pela esposa e dos familiares do agente.

Secretário da Polícia Civil até poucas semanas, quando se desincompatibilizou para concorrer a deputado federal, o delegado Allan Turnowski comentou no Instagram: "Memorial de traficantes ilegal no chão. Respeito voltou".

A deputada estadual Renata Souza (PSOL), que foi candidata à Prefeitura, repudiou o fato. "Tiraram a vida dos nossos e negam o direito à memória!". A vereadora Monica Benício (PSOL), viúva de Marielle Franco, classificou a ação como "mais um ato de truculência e barbárie".