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Chico Alves

REPORTAGEM

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Policiais antifascistas vão disputar eleição a governador e deputado

Orlando Zaccone, delegado da Polícia Civil; Vinicius Sousa, capitão PM e Fabrício Rosa, policial rodoviário federal - Divulgação
Orlando Zaccone, delegado da Polícia Civil; Vinicius Sousa, capitão PM e Fabrício Rosa, policial rodoviário federal Imagem: Divulgação

Colunista do UOL

03/06/2022 04h00

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Parcela das forças de segurança que vai na contramão do comportamento truculento dos pares, os integrantes do grupo Policiais Antifascismo querem influenciar com suas pautas os poderes Legislativo e Executivo. Por isso, pelo menos cinco deles serão candidatos a deputado estadual, deputado federal e governador em cinco estados. "Um dos nossos lemas está na faixa que a gente leva nas manifestações: 'dentro da ordem, contra a ordem'. Ou seja, nós queremos a transformação social para estabelecer uma ordem que seja de interesse da classe trabalhadora", explica Orlando Zaccone, delegado da Polícia Civil do Rio há 22 anos, que é pré-candidato a deputado federal pelo PDT.

Em julho de 2020, 579 servidores estaduais e federais do grupo Policiais Antifascismo foram alvo de uma investigação sigilosa por parte do Ministério da Justiça, na época dirigido por André Mendonça. Como revelou no UOL o jornalista Rubens Valente, o ministério produziu um dossiê com nomes e, em alguns casos, fotografias e endereços de redes sociais das pessoas monitoradas.

Agora, alguns deles querem passar da militância à atuação direta em mandatos políticos. Capitão da Polícia Militar, Vinícius Sousa é integrante do grupo e pré-candidato a governador do Espírito Santo pelo PSTU. Para a segurança pública, um dos principais problemas citados pelos eleitores capixabas, ele tem planos que levam em conta o que chama de guerra de classe no Brasil. "Nós precisamos de polícia de carreira única, precisamos de uma polícia desmilitarizada. Há muito que um governador pode fazer nessa direção", defende Sousa, que segue a ideologia comunista.

Outro representante dos antifascistas a tentar a sorte nas urnas mirando o Executivo estadual é Kleber Rosa, inspetor da Polícia Civil que vai concorrer a governador na Bahia, pelo PSOL.

Em Goiás, o representante é Fabrício Rosa, da Polícia Rodoviária Federal, que vai concorrer a deputado estadual pelo PT. "Nosso movimento denuncia a instrumentalização da segurança pública no sentido de fazer aparentar que nós policiais temos respostas para questões que não são de cunho policial", explica Rosa. "O bolsonarismo tenta usar a ausência de políticas públicas no campo educacional, da cultura, da saúde para fazer parecer que as armas, a violência, a polícia, a criminalização, o direito penal vão dar respostas para as grandes questões do país".

Há outros dois candidatos: o policial civil Áureo Cisnero, que concorrerá a deputado estadual pelo PSOL de Pernambuco, e o delegado Fernando Alves que tentará ser deputado federal pelo PT do Rio Grande do Norte.

"É importante dizer que nós não queremos levar os partidos para dentro do movimento, mas sim o contrário: levar o movimento para dentro dos partidos", diz Orlando Zaccone, que é um dos coordenadores nacionais dos Policiais Antifascismo. "Se não for assim, a gente se divide".

Errata: este conteúdo foi atualizado
O candidato do grupo Policiais Antifascismo no Rio Grande do Norte é o delegado Fernando Alves, não o policial Pedro Chê, como foi informado anteriormente.