O elogio à barbárie
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Ao apagar das luzes de um ano tão duro para os brasileiros, eis que o presidente da República, Jair Bolsonaro, convoca novamente seus instintos mais primitivos ao atacar a ex-presidente Dilma Rousseff, presa e brutalmente torturada pela ditadura civil militar brasileira, que durou de 1964 a 1985. Esta infâmia, que desastradamente se insere em uma série de outras, merece o repúdio da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos Dom Paulo Evaristo Arns - Comissão Arns, que vem a público manifestá-lo.
O negacionismo de Jair Bolsonaro em relação a todo um legado de dor, desumanidade e injustiça, deixado pela ditadura militar brasileira, não é novo. Por décadas ele vociferou barbaridades no Congresso Nacional, como ao exaltar a figura de um dos maiores torturadores do regime, Carlos Alberto Brilhante Ustra. Desdenhou, e ainda desdenha, do trabalho de reparação à memória e à justiça daqueles que penaram sob o arbítrio e seus algozes, entre eles, Dilma Rousseff. E jamais reconheceu a concertação de esforços da sociedade brasileira para tentar virar página tão triste da nossa história.
Hoje ele reitera esse negacionismo obscurantista para ocultar a sua própria incompetência no controle e manejo de uma pandemia já perto de matar 200 mil brasileiros. De maneira desarrazoada e frívola, desafia a ex-presidente a provar torturas sofridas no passado, enquanto o Brasil, segundo país do mundo com a maior taxa de óbitos por Covid-19, continua à deriva em relação a um programa de vacinação que se faz urgente.
Depois de um Natal onde sequer pudemos abraçar nossos entes queridos, e de um Ano Novo que chega com tantas incertezas, a Comissão Arns se solidariza com a ex-presidente Dilma Rousseff, em particular, e com todas as vítimas da ditadura civil militar, bem como com suas famílias. Como também se solidariza com as famílias atingidas pela Covid-19, ecoando o grito geral da cidadania: "Vacina Já!". Bolsonaro se alimenta de feridas do passado. Mas os brasileiros preferem se alimentar da esperança de um futuro melhor, mais justo e mais humano.
Comissão Arns
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