Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
De vaias antigas a 'chuva de ovo': as mentiras contra Alckmin e Braga Netto

Num país como o Brasil, em que os vices têm boas chances de acabar assumindo a Presidência da República, não é inteligente ignorar as informações — ou mesmo as mentiras — ditas por aí sobre eles.
A menos de 90 dias do primeiro turno das eleições deste ano, entraram na mira dos desinformadores o general Braga Netto, cotado como candidato à vice-presidente ao lado de Jair Bolsonaro (PL), e do ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSB), que já firmou parceria com Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Não é de Braga Netto o áudio que está sendo (re)distribuído pelo WhatsApp em que o autor afirma que "os governadores estão traindo a pátria", que o país vive uma crise de patriotismo e que o Exército está pronto para agir. O sotaque e o timbre de voz que aparecem nesses áudios — já reproduzidos por canais de YouTube — não têm qualquer semelhança com a do general. Basta prestar atenção na gravação para ver que se trata de uma evidente farsa. De uma atribuição indevida. O problema é que — em tempos de polarização exacerbada — parece ser mais fácil acreditar naquilo que nosso (in)consciente gostaria que fosse verdade. Não necessariamente no que é verdadeiro.
Também não é de autoria de Braga Netto o texto que viraliza pelas redes sociais com fortes ataques ao STF (Supremo Tribunal Federal). A nota, que ganhou vida no Facebook, diz que os magistrados do STF são "inescrupulosos homens-deuses" e que precisam ser parados. E houve quem viesse a público pedir que o general fosse preso por conta do texto que lhe era falsamente atribuído.
Nesse caso ainda vale destacar que, para dar um verniz à notícia falsa, os desinformadores resolveram tratar o Exarnet, um espaço virtual usado para a apresentação de reservistas, como uma suspeitíssimo "blog fechado do Exército". No intuito de incendiar aqueles que são críticos a Braga Netto, os produtores de "fake news" decidiram salpicar a mentira com doses cavalares de conspiração. E, pelo grau de viralização do caso, infelizmente a tática funcionou.
Alckmin, que já participa de atos públicos no papel de candidato a vice de Lula, também voltou a ser alvo de mentiras. Não é verdade, por exemplo, que foi atingido por "uma chuva de ovos" em Jundiaí. A imagem que ganhou as redes é de 2012 e foi feita em Campinas.
Também é antigo o vídeo que circula pelo Twitter e TikTok e que pretende mostrar que o ex-governador de SP foi vaíado em sua ida recente a Porto Alegre. A gravação é de 2018, ou seja, não tem qualquer relação com a atual disputa eleitoral (na melhor das hipóteses, com a anterior).
Mas, do ponto de vista dos checadores de fato, o pior desses casos é a cara de pau dos desinformadores quando flagrados.
No caso do vídeo das supostas vaias, os fact-checkers do Comprova contam que chegaram a contactar um ex-candidato do Democratas a vereador de Campos Novos (SC) para que ele se retratasse da publicação equivocada. Os checadores estavam dispostos a mostrar que o vídeo não era recente e indicar a Luiz Augusto Barbosa dos Santos a importância de retirá-lo das redes. O contato foi feito, a informação foi enviada, mas o ex-candidato do DEM não se abalou. É impossível medir o impacto dessa simples fake news na imagem do possível vice.
Cristina Tardáguila é diretora de programas do ICFJ e fundadora da Lupa
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