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Felipe Moura Brasil

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Aras acha 'normal' a polarização entre seus camaradas

Colunista do UOL

13/07/2022 08h52

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Comentei na Live UOL de terça-feira (12) a declaração do procurador-geral da República, Augusto Aras, de que a polarização no Brasil não é diferente de outros países e de que ele espera que as eleições de outubro ocorram "sem grandes turbulências".

Embora ministros do STF e do TSE estejam convencidos de que Jair Bolsonaro tem um plano para tumultuar e até impedir as eleições de outubro, tentando "uma ruptura institucional", como publica nesta quarta o Estadão, Aras minimizou as chances de um episódio semelhante ao que aconteceu em janeiro de 2021, nos Estados Unidos, quando apoiadores do então presidente Donald Trump, alegando fraude eleitoral, invadiram o Congresso americano para impedir a confirmação da vitória de Joe Biden. O PGR disse que quem vencer a eleição aqui assumirá o cargo sem problemas.

Como um dos produtos da instrumentalização política de órgãos de controle e fiscalização, Aras não expõe os mecanismos utilizados por seu padrinho Bolsonaro para solapar e corroer a democracia por dentro, sem a necessidade de um golpe militar, ainda que, por pavor de derrota eleitoral, o presidente mantenha tal hipótese no ar, para fins de intimidação. Pego emprestado do lulismo e nomeado para evitar o avanço de investigações sobre a classe política, o PGR tem se mostrado um exímio cumpridor das tarefas que o governo espera dele e não faria diferente durante entrevista à imprensa estrangeira.

Se Lula vencer a eleição, ele também estará em casa, já que adora falar mal da Lava Jato na TV do PT e organizava festa para o "núcleo duro" do partido, com as presenças, entre outros, de José Dirceu, Rui Falcão, Zé Neto e Emiliano José. Por isso, nada há de tóxico para Aras na polarização brasileira. Muito assim pelo contrário.

Na edição da Live UOL, falamos também sobre a tentativa de Bolsonaro de justificar a ação do policial bolsonarista Jorge Guaranho, que matou o petista Marcelo de Arruda, em Foz do Iguaçu; sobre a aprovação, pelo Congresso, do texto-base do projeto de lei que estabelece as diretrizes para a elaboração do Orçamento de 2023, sem a obrigatoriedade do pagamento das chamadas emendas de relator; e sobre o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, que, durante culto religioso, afirmou que se sente de "coração partido" pelas acusações de envolvimento dele em casos de corrupção no MEC.

Com Madeleine Lacsko, debato os principais assuntos do país diariamente, das 17h às 18h, com transmissão ao vivo nos perfis do UOL no YouTube, no Facebook e no Twitter.