Com fumaça de golpe, Bolsonaro deu pretexto a lideranças apodrecidas

Na Live UOL de quarta-feira (17), falei sobre a cerimônia de posse do ministro Alexandre de Moraes como presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

No evento - uma festa pomposa, com direito a toda suntuosidade possível -, o ministro defendeu as urnas eletrônicas e prometeu um combate "implacável" da instituição às fake news contra o sistema eleitoral.

Em um discurso no qual ficou evidente sua necessidade de afetar autoridade, Moraes afirmou que a interferência da Justiça sobre as eleições será mínima, mas que ela não permitirá abusos do direito à liberdade de expressão.

"Liberdade de expressão não é liberdade de agressão, de destruição da democracia, das instituições, da dignidade e da honra alheias. Liberdade de expressão não é liberdade de propagação de discursos de ódio e preconceitos."

Nada disso precisaria ser repetido se as leis fossem simplesmente cumpridas pelos tribunais superiores e medidas gravosas fossem tomadas para punir políticos que as descumprem.

A cerimônia foi a apoteose da demonstração de como Jair Bolsonaro (PL) é a cortina de fumaça do sistema, como escrevi aqui em agosto de 2021. O presidente deu pretexto ao conjunto de lideranças apodrecidas do país para que saíssem em defesa de uma causa nobre - a "democracia" - e pudessem deixar todo o restante da sujeira (inclusive da família Bolsonaro) onde queriam: debaixo do tapete.

Na Live UOL, falamos também sobre a modulação do discurso do candidato ao governo do Rio, Marcelo Freixo (PSB), agora contrário à legalização das drogas; sobre a curiosa presença de Carlos, filho do presidente, na cerimônia de posse de Moraes; e sobre o comentário de Lula (PT) sobre o "constrangimento" de Bolsonaro no evento.

Com Madeleine Lacsko, debato os principais assuntos do país diariamente, das 17h às 18h, com transmissão ao vivo nos perfis do UOL no YouTube, no Facebook e no Twitter.