Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Ciro tentou fazer do limão uma limonada
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Comentei na Live UOL a fala descuidada de Ciro Gomes durante encontro com empresários no Rio de Janeiro, na quarta-feira, 31 de agosto.
Após o candidato do PDT à presidência da República detalhar seu plano econômico ao grupo, um dos presentes lhe agradeceu pela "aula".
"Na verdade é um comício, né? Um comício para gente preparada. Você imagina eu explicar isso na favela. Isso é um serviço pesado", respondeu Ciro.
A declaração foi explorada por grupos adversários nas redes sociais, principalmente petistas desesperados pelo voto útil em Lula já no primeiro turno. Eles chamaram Ciro de "elitista", como se o pedetista tivesse tratado pobre como burro.
Obviamente, a capacidade cognitiva dos indivíduos não é determinada pela faixa de renda, podendo existir indivíduos com maior ou menor capacidade dentro da mesma faixa e também em faixas diferentes, incluindo pobres mais capazes que ricos. Em países com acesso desigual ao ensino, como o Brasil, o que pode variar conforme a renda são o nível de escolaridade e a qualidade das escolas.
Ciro então reagiu, em vídeo publicado na quinta-feira:
"Já disseram que uma mentira repetida várias vezes vira verdade. A manipulação de um fato é igualzinha. Distorce o sentido, confunde as pessoas e machuca quem não devia.
Distorceram um comentário descuidado meu, uma autocrítica que fiz ao meu próprio jeito de abordar temas complexos da economia, para dizerem que eu menosprezei a sabedoria dos mais pobres.
Se a analogia deixou terreno aberto para a manipulação, é porque foi imprecisa. Neste aspecto, eu me penitencio.
Minha vida foi tem sido dedicada inteira aos mais pobres. Meus projetos e ações sempre favoreceram os mais pobres. Devo muito do que sei ao contato direito e permanente com o povo, com a sabedoria popular.
Podem me chamar de tudo, menos de elitista.
Eu sou o candidato com mais propostas concretas que favorecem aos mais pobres, como a renda mínima de mil reais, a renegociação das dívidas no SPC, a lei antiganância, a revolução na Educação, 5 milhões de empregos em 2 anos, entre muitas outras. Todos são projetos sérios e viáveis.
Considero que o verdadeiro desrespeito aos pobres é tratá-los com demagogia, mentira e tentativa de manipulação. É também tentar confundi-los na hora do voto, inventando mentiras contra o candidato que tem se firmado como a única alternativa concreta à polarização odienta que envenena o país."
Ciro tentou fazer do limão uma limonada, penitenciando-se pelo descuido, culpando a malícia dos rivais pela pior interpretação possível da fala descuidada e listando seu histórico de ações e propostas para as pessoas alegadamente ofendidas.
Na noite de quinta, ele ainda respondeu sobre o episódio em sabatina na CNN Brasil.
"Se a minha expressão permitiu essa manipulação esperta dos meus adversários, eu tenho que me penitenciar por isso, porque esse aqui não é um ambiente de inocentes. É um ambiente em que, infelizmente, tem na polarização a disputa entre dois corruptos sem nenhum tipo de escrúpulo e eu tenho que me proteger disso.
Eu fiz uma palestra em termos absolutamente técnicos, tipo 'qual é a influência da política monetária, do incremento da taxa de juros na variação da taxa de câmbio, e por que essa combinação errada historicamente está destruindo a indústria brasileira' e 'a gente precisa retomar a indústria' e 'isso está gerando desemprego em massa, aviltando salários etc'.
E aí, quando eu acabei essa palestra extremamente técnica, uma pessoa disse assim: 'isso não foi uma palestra, foi uma aula'; e eu resolvi fazer uma brincadeirinha, dizendo 'isso não é uma aula, é um comício'. E aí volto a dizer: me penitencio porque deixei ali o queixo para a oposição desonesta bater. Mas evidentemente uma pessoa que dedicou a vida inteira aos pobres, que tem o prêmio mundial de combate à mortalidade infantil, que preparou para os pobres do Ceará a melhor escola pública do Brasil, não pode ser confundido com ninguém que tenha qualquer tipo de preconceito contra pobre."
Era o melhor que Ciro podia fazer pela contenção de danos.
Na Live UOL, falamos também sobre o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB), que teve sua candidatura à Presidência negada pelo TSE, por unanimidade; e sobre o presidente Jair Bolsonaro (PL), que disse que metade dos imóveis comprados em dinheiro vivo pertence a seu ex-cunhado, justificativa desmentida pela reportagem do UOL.
Com Madeleine Lacsko, debato os principais assuntos do país diariamente, das 17h às 18h, com transmissão ao vivo nos perfis do UOL no YouTube, no Facebook e no Twitter.
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