PCC: Nunes diz que contratos com empresas suspeitas deverão ser rompidos

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), afirmou na manhã desta segunda-feira que é "muito difícil" que os contratos com as empresas de ônibus Transwolff e Upbus não sejam rescindidos.
As duas empresas de ônibus são acusadas pelo MP-SP (Ministério Público de São Paulo) de lavarem dinheiro para a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital).
Elas operam sob intervenção da prefeitura desde abril do ano passado, quando foi deflagrada a Operação Fim da Linha. Seus diretores foram afastados.
Hoje termina o prazo para a diretoria das duas empresas apresentarem defesa no processo administrativo aberto em dezembro pela prefeitura.
"Da defesa deles [Transwolff e Upbus] é que vamos decidir se vai ser decretada caducidade [rescisão do contrato] ou não. Pelo que a gente tá vendo, é muito difícil não ter. Não estou querendo me antecipar, mas é um sentimento que estamos tendo. Pode ser que os técnicos achem uma justificativa para não ter caducidade. Eu acho muito difícil", afirmou Nunes, durante o lançamento oficial da estação Varginha, da linha 9 Esmeralda, de acordo com o site Diário do Transporte.
Proprietários de veículos usados pelo Transwolff protestaram em frente à estação. Nunes determinou que o secretário de Transportes, Celso Cadeira, se reunisse com eles na tarde de hoje.
De acordo com a prefeitura de São Paulo, foi "detectada a existência de inconformidades financeiras e operacionais por parte das concessionárias." Uma consultoria apontou ainda "a necessidade de uma série de mudanças de infraestrutura, manutenção veicular, qualificação das questões financeiras."
Transwolff se defende
Em nota enviada à imprensa, logo após as declarações do prefeito, os advogados da Transwolff e do presidente afastado Luiz Carlos Efigênio Pacheco, o Pandora, negaram que a empresa e seu diretor tenham ligações com o crime organizado.
"A empresa e seus dirigentes jamais mantiveram qualquer relação com atividades ilícitas, e essa verdade será comprovada no curso do processo judicial, que tramita sob sigilo."
Os advogados Rui Celso Reali Fragoso e Renato de Mello Jorge Silveira informaram também que a empresa entregou sua defesa no processo administrativo aberto pela prefeitura.
"As alegações que sustentam a intervenção administrativa e o pedido de caducidade contratual são inconsistentes e carecem de embasamento técnico, financeiro ou jurídico. A defesa apresentada no processo administrativo desmonta, ponto a ponto, os fundamentos equivocados utilizados pela Prefeitura."
Ainda de acordo com os advogados, a empresa repudia "as acusações infundadas que afrontam a honra de cidadãos e a reputação de uma empresa que há anos presta serviços de qualidade reconhecidos pelos usuários do transporte público de São Paulo, conforme levantamento independente contratado pela Prefeitura Municipal."
A coluna revelou que a Transwolff teve prejuízo acumulado de R$ 94 milhões entre os anos de 2019 e 2022.
Atualmente, a Transwolff opera 132 linhas, com 1.146 veículos e transportam 583 mil passageiros por dia. Já a Upbus tem frota de 158 ônibus atendendo 13 linhas e transportando 73 mil passageiros por dia, de acordo com a prefeitura de São Paulo.
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