Empresas de 'Pagodeiro do PCC' receberam R$ 10 mi depois de operação do MP

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Quatro empresas ligadas a um integrante do PCC (Primeiro Comando da Capital) receberam quase R$ 10 milhões de prefeituras do interior paulista, mesmo depois de uma operação do MP-SP (Ministério Público de São Paulo) revelar um esquema de fraudes em licitações.
Os CNPJs pertencem ao empresário e músico Vagner Borges Dias, conhecido como Latrell Brito ou ainda como Pagodeiro do PCC.
Ele foi preso no fim de janeiro na Bahia, após passar nove meses foragido da Justiça paulista. A Polícia Civil baiana afirmou que ele portava documentos falsos.
Latrell Brito está detido no Complexo Penitenciário de Salvador. Ele responde a ações penais na Justiça de São Paulo. Sua defesa nos autos alega inocência.
Como funcionava o esquema
De acordo com a denúncia do MP-SP, Latrell Brito é membro do PCC e comandava um esquema que fraudava licitações para ganhar contratos de serviços de limpeza ou segurança patrimonial de escolas de prefeituras e câmaras municipais do interior e da Grande São Paulo.
Entre 2016 e 2023, mais de R$ 251 milhões em dinheiro público foram parar em CNPJs ligados ao PCC, apontam dados do portal da transparência TCE (Tribunal de Contas do Estado), em levantamento exclusivo feito pela coluna.
O mesmo levantamento mostra que ao menos 25 prefeituras e câmaras municipais, além de uma fundação cultural do estado, firmaram contratos com empresas do esquema.
A coluna fez novo levantamento e considerou apenas os valores pagos a partir de maio de 2024, depois da deflagração da Operação Munditia e achou pagamentos que somam quase R$ 10 milhões. Os contratos ficaram vigentes depois da operação porque a investigação e o processo judicial ainda estão tramitando.
As empresas de Latrell Britto foram alvo de várias ações trabalhistas, por falta de pagamento dos funcionários terceirizados. Pelo menos R$ 375 mil foram bloqueados pela Justiça trabalhista para garantir os pagamentos a um grupo de funcionários de uma das prefeituras.
Documentos falsos e corrupção
Latrell Brito usava as empresas para vencer licitações que incluíam documentos falsos, simulação de concorrência e corrupção de agentes públicos, diz o MP-SP.
O acusado mantinha um grupo de WhatsApp para combinar lances em pregões eletrônicos e presenciais com servidores, secretários municipais e políticos em mandatos eletivos.
Ele definia a empresa do grupo que venceria a licitação e como abordaria concorrentes legítimos para convencê-los a desistir das disputas, apontam provas.
'Sempre fui Comando"
As empresas também serviriam para lavar dinheiro do tráfico de drogas e de outros crimes cometidos pelo PCC.
Pelo menos uma delas teve como representante outro membro da facção: Márcio Zeca da Silva, condenado em primeira instância por tráfico de drogas.
Mensagens encontradas no celular de Britto indicam que o plano foi concebido pelo próprio PCC.
"Eu sou Comando. Sempre fui Comando."
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