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Sem Bolsonaro, Davos coloca Amazônia e Greta na agenda

A ativista sueca Greta Thunberg, que irá a Davos - Susana Vera/Reuters - 11.dez.2019
A ativista sueca Greta Thunberg, que irá a Davos Imagem: Susana Vera/Reuters - 11.dez.2019

Colunista do UOL

14/01/2020 10h10

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Para marcar seus 50 anos, o Fórum Econômico Mundial reservou um espaço especial neste ano para o meio ambiente. Na agenda anunciada hoje, em Genebra, os organizadores do encontro anual de Davos indicaram que o debate entre a elite do poder mundial vai garantir prioridade para o clima e os desafios para o planeta.

Mais de 50 chefes de estado estarão no evento, entre eles o americano Donald Trump, a alemã Angela Merkel, o espanhol Pedro Sanchez e vários outros. Dezenas de ministros de Meio Ambiente e especialistas em clima também estarão na estação alpina no final de janeiro. No total, 2.800 pessoas estarão em Davos.

O evento também promete anunciar uma iniciativa para mobilizar recursos para plantar um trilhão de árvores em uma década, com a participação da Colômbia e multinacionais. De acordo com um dos diretores do Fórum, Dominique Waughray, a parcela da floresta brasileira também será beneficiada pela iniciativa e, se vingar, o projeto poderá contribuir para retirar 25% do CO2 excedente na atmosfera.

Neste ano, o presidente brasileiro Jair Bolsonaro cancelou sua participação no encontro. Mas enviará Paulo Guedes, ministro da Economia, para liderar a delegação brasileira. O grupo ainda conta com Luiz Henrique Mandetta, ministro da Saúde, além de Marco Troyjo e Carlos Alexandre da Costa.

Mas, do lado brasileiro, nenhum representante do setor de meio ambiente, justamente num momento em que o tema é tido com especial atenção. Em quatro dias de eventos, serão 51 sessões dedicadas à ecologia, contra apenas 27 sobre economia.

No dia 22 de janeiro, por exemplo, Davos organiza um debate sobre "o futuro sustentável da Amazônia".

O evento contará com Ivan Duque, presidente da Colômbia, além de Al Gore, ex-vice-presidente dos EUA e que se transformou em um ativista do clima. O cientista brasileiro Carlos Nobre, um dos críticos da política ambiental de Bolsonaro, também é esperado.

Na agenda do evento, também haverá um debate especial para permitir que a sueca Greta Thunberg possa dar sua mensagem. Ela participará de uma discussão sobre como o mundo pode "forjar um caminho sustentável". Outros nove adolescentes também estarão presentes.

Ao longo da semana, temas como o Ártico, oceanos, água e energia também farão parte do debate. O debate, segundo Davos, vai tocar em temas sobre a mobilização de recursos para responder aos riscos climáticos e "garantir medidas para proteger biodiversidade cheguem às florestas e oceanos".

Ao apresentar a agenda, o fundador do Fórum, Klaus Schwab, deixou claro seu alerta: "o mundo vive desafios urgentes". "O mundo está em um estado de emergência e a janela para agir está se fechando rapidamente", disse.

De acordo com Schwab, empresas, governos e sociedade civil não podem deixar o sistema se desintegrar e cada qual precisa assumir suas responsabilidades. Redução de emissões e restauração de ecossistemas são duas de suas prioridades.

Para Dominique Waughray, Davos considera que o clima se transformou em um risco para a estabilidade econômica mundial. "Não podemos esperar dez anos para agir", disse.

Brasileiros

Além do governo federal, Davos receberá o governador de São Paulo, João Doria, que anunciará um centro para o desenvolvimento de tecnologia, Luciano Huck e até mesmo uma apresentação de um coral de São Paulo.