Topo

Jamil Chade

Multinacionais fazem cortes e investimentos podem cair 15% com coronavírus

Coronavírus ameaça paralisar montadoras no Brasil nas próximas semanas -
Coronavírus ameaça paralisar montadoras no Brasil nas próximas semanas

Colunista do UOL

08/03/2020 14h00

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

O coronavirus deve gerar uma contração de até 15% no fluxo de investimentos no mundo, com um duro impacto para as economias emergentes. O alerta é da Conferência da ONU para o Comércio e Desenvolvimento, que registrou em 2019 um volume total de US $ 1,4 trilhão em investimentos.

Neste fim de semana, a entidade publicou um levantamento em que aponta para o risco de uma redução dramática dos investimentos diretos em comparação aos volumes registrados em 2019 e as projeções para 2020.

Um levantamento preliminar da ONU no final de 2019 apontava para um ano de estabilidade, em 2020. Um aumento de investimentos, caso ocorresse, seria apenas marginal.

Agora, o choque negativo na demanda e as interrupções nas cadeias produtivas mudam de forma importante o cenário para os próximos meses. Se o coronavírus for controlado até o final de março, a contração de investimentos seria de 5% no mundo. Mas se o problema continuar, a queda deve ser uma das maiores em mais de uma década, chegando a 15%.

Mais de dois terços das cem principais multinacionais do mundo já alertaram que terão uma queda em seus resultados anuais, por conta do coronavírus. Muitas estão reduzindo gastos, cortando investimentos ou simplesmente fechando fábricas.

Alguns exemplos já dão uma indicação clara da tendência. A Fiat, por exemplo, parou produção de um de seus modelos em uma fábrica na Sérvia diante da falta de peças que deveriam chegar da China.

Das cem maiores multinacionais, 69 emitiram alertas sobre o fato de que poderão ser afetadas pelo surto. 41 delas admitem que poderão ter uma queda nos lucros e dez já indicaram que sofrerão uma redução de vendas.

Em média, a previsão da ONU é de que a receita anual das 5 mil multinacionais cairá em 9%. Na Ásia, a queda pode ser de 18%, contra 6% na América Latina.

O setor automotivo será o mais atingindo, com uma queda prevista de 44%, contra 42% no setor aéreo. Na América Latina, 92 multinacionais anunciaram revisão de receitas. Elas representam 43% dos investimentos.

Na avaliação da entidade, multinacionais com receita baseada nos emergentes devem ser as mais afetadas.