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Jamil Chade

Justiça americana implica Teixeira em venda de votos para Copa de 2022

Colunista do UOL

06/04/2020 17h55

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Os organizadores da Copa do Mundo no Catar ofereceram e deram propinas ao brasileiro Ricardo Teixeira, em troca de seu voto para que o país do Golfo recebesse o direito de sediar o evento máximo do futebol.

A informação faz parte de documentos da Justiça americana que, nesta segunda-feira, anunciou o primeiro indiciamento de executivos do futebol desde 2018. Os alvos eram Carlos Martinez e Hernan Lopez, ex-executivos da Fox. O documento revela como eles pagaram propinas em troca do direito de transmissão de jogos das Eliminatórias e Copa Libertadores.

Mas o indiciamento vai além e revela trechos do restante das investigações. "Vários membros do Comitê Executivo (da Fifa) receberam ofertas ou propinas em conexão com seus votos", diz a Justiça americana. "Por exemplo, Ricardo Teixeira, Nicolas Leo e o co-conspirador 1 receberam ofertas e pagamento de propinas em troca de seus votos a favor do Catar para sediar a Copa de 2022", indicou.

Numa decisão que surpreendeu a muitos, o Catar venceu a votação na Fifa em dezembro de 2010. Naquele momento, Teixeira era um dos membros do Comitê Executivo e tinha o poder de votar.

Pela primeira vez, a Justiça americana também fala em pagamentos dos russos para outros dirigentes. Moscou sediou o Mundial de 2018.

Teixeira é ainda citado em outros trechos. Ao se referir aos contratos de TV para a Copa América, a Justiça americana cita pagamentos para o brasileiro, além de dinheiro para José Maria Marin e Marco Polo Del Nero. Todos os três foram presidentes da CBF.

Iniciada em 2015, a ofensiva da Justiça americana sobre os cartolas do futebol levou à queda de diversos presidentes de federações nacionais e mesmo de Joseph Blatter, na Fifa. Marin acabou detido e apenas foi liberado nesta semana pelo risco do coronavírus.

Del Nero continua indiciado e banido do futebol. Se deixar o Brasil, poderes detido e entregue às autoridades americanas. Já Ricardo Teixeira vive uma situação similar. Indiciado, ele não deixa o Brasil desde 2015.

Em junho, o Tribunal Arbitral dos Esportes considerará seu recurso, depois que foi punido pela Fifa como afastamento permanente do futebol e uma multa milionária.

Teixeira chegou a ser investigado em diferentes países.

Em recente entrevista à CNN Brasil, ele contestou as acusações de corrupção e disse que a operação americana contra a Fifa era vingança por conta da derrota na escolha da sede de 2022. A candidatura americana era considerada como uma das mais fortes.