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Em evento com brasileiros, Tedros fala em "união nacional" contra vírus

Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, durante entrevista coletiva em Genebra - Denis Balibouse
Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, durante entrevista coletiva em Genebra Imagem: Denis Balibouse

Colunista do UOL

07/05/2020 13h24

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Tedros Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, afirmou nesta quinta-feira que o mundo e países em desenvolvimento poderiam ter evitado a dimensão da crise se tivessem investido em saúde. Mas insistiu que a atual situação revelou que todos os países precisam forjar uma "união nacional", além de uma garantia de solidariedade internacional.

A declaração foi lançada em um evento organizado pela Instituto Brasil-África e ainda contou com o prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio. O político criticou a resposta inicial do governo federal e apontou que o novo ministro da Saúde, Nelson Teich, já admitiu agora que o distanciamento social precisa ocorrer.

Tedros não citou o nome do Brasil e falou apenas de forma geral. Seu discurso foi concentrado na necessidade de que governos invistam em saúde e que haja um acordo nacional para enfrentar o novo desafio. "A pandemia ressaltou a necessidade de união nacional e solidariedade global. Nenhum país, independente de seu tamanho, pode lidar com o vírus", disse. A questão se transformou em um de seus mantras.

"Esse vírus vai estar conosco por um longo tempo", admitiu.

"Estávamos alertando o mundo sobre as pandemias. Não era uma questão se ela ocorreria. Mas quando. Sabíamos que estava chegando", insistiu. Segundo ele, o alerta foi lançado inclusive em 2018. "Parece que era como se soubéssemos que isso iria acontecer", disse.

Tedros, porém, também apontou a OMS "sabia que o mundo não estava preparado". "Sabíamos que estávamos vulneráveis", disse.

Sua recomendação aos participantes do evento brasileiro foi claro: investir em preparação e prevenção. "Estamos gastando muito e vemos nossas economias em recessão. Estamos pagando caro. Isso poderia ter sido evitado se investíssemos em preparação", afirmou.

Segundo Tedros, a crise mostrou que até os países mais ricos estavam vulneráveis. "A recomendação: invista em saúde", disse, alertando que muitos países não conseguem fazer testes e isolamento. "O sistema não estava preparado", declarou.

Para ele, os países pobres vão precisar de ajuda e tal situação terá de ser alvo de um acordo global.

Já Roberto Cláudio usou seu discurso para criticar o governo federal, insistindo que a crise necessitava de "liderança e bons exemplos". Segundo ele, Brasília não contribuiu no início da pandemia. "Tivemos mensagens confusas. Não ajudou", afirmou. Ele apontou que Teich já reconheceu a necessidade de medidas de distanciamento social.

A partir desta semana, o prefeito adotará uma estratégia de confinamento, com proibição da circulação de pessoas. Apenas a busca por serviços essenciais, atendimento de saúde, farmácias ou supermercados estará autorizado.

O prefeito ainda insistiu na necessidade de basear decisões na ciência e seguir as orientações da OMS.

Nas últimas semanas, o governo federal proliferou críticas contra a OMS, enquanto o presidente Jair Bolsonaro questionou a competência de Tedros. Já o chanceler alertou sobre o risco de que a agência de Saúde seja parte de um "plano comunista".