Topo

Jamil Chade

Com 20% dos novos casos no mundo, brasileiros continuarão barrados na UE

Bandeira da União Europeia (UE) - Pascal Rossignol/Reuters
Bandeira da União Europeia (UE) Imagem: Pascal Rossignol/Reuters

Colunista do UOL

23/06/2020 16h24Atualizada em 23/06/2020 21h29

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Uma lista dos países que poderão voltar a ter voos diretos para as capitais europeias deixa o Brasil de fora. O motivo: a explosão de casos nos últimos 14 dias. No total, o país somou 390 mil novas infecções nesse período, o que demonstra a dificuldade para o controle da doença. No período avaliado pela UE, um de cada cinco casos de transmissão do vírus no mundo ocorreu no Brasil.

A lista está sob debate entre os 27 países da UE que, no início da próxima semana, terão de bater o martelo. O objetivo do bloco é de reabrir as fronteiras externas da Europa a partir do dia 1 de julho. Mas apenas para um grupo seleto de países.

A Grécia, por exemplo, já deu o passo inicial e, em sua lista, incluiu a China e outros asiáticos. Mas deixou o Brasil de fora.

Pequim, pelo menos por enquanto, está na nova lista do bloco europeu. Mas os recentes casos em Pequim reabriram o debate sobre as conexões aéreas entre a China e o resto do mundo. Em Bruxelas, porém, fontes ouvidas pela coluna indicaram que os governos europeus ficaram satisfeitos com as medidas de contenção que as autoridades de Pequim adotaram diante do novo surto, o que reforçou a confiança de que uma reabertura poderia ocorrer.

No caso da UE, critérios foram estabelecidos para determinar quem entra e quem não entra na lista. Um dos principais se refere ao número de casos por 100 mil habitantes nos últimos 14 dias. O período é considerado como fundamental pois se trata do tempo de incubação do vírus.

Na Europa, a taxa atual de infecção é de cerca de 15 para cada 100 mil e o objetivo é de que a reabertura ocorra para países com taxas similares. No caso do Brasil, porém, a taxa é mais de dez vezes o número registrado na UE. Os EUA também ficariam de fora da primeira lista, por esse critério, além de Rússia e outros países latino-americanos duramente afetados.

Nos bastidores, porém, diplomatas revelam à coluna que existe um trabalho de parte dos governos para tentar avaliar o impacto da reabertura para o setor do turismo. O fechamento de alguns desses países para russos e americanos em pleno verão europeu representaria um golpe importante para os planos de retomada econômica.

Mas os recentes aumentos de casos em Lisboa e na Alemanha revelam que o controle da doença precisa continuar sendo uma prioridade, mesmo num período de reabertura. Tais casos dentro da UE devem reforçar a posição daqueles que insistem em uma abertura gradual para países de fora.