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Jamil Chade

Variante do vírus pode representar maior risco para crianças, diz britânico

10.ago.2020 - O premiê britânico Boris Johnson em visita a uma escola, em Londres, para conferir os preparativos para o retorno das atividades em setembro - EFE/EPA/PIPPA FOWLES/10 DOWNING STREET
10.ago.2020 - O premiê britânico Boris Johnson em visita a uma escola, em Londres, para conferir os preparativos para o retorno das atividades em setembro Imagem: EFE/EPA/PIPPA FOWLES/10 DOWNING STREET

Colunista do UOL

21/12/2020 19h08

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Cientistas em Londres estudam a possibilidade de que a nova variante do vírus responsável pela covid-19 possa infectar mais facilmente as crianças. O cenário foi lançado como uma possibilidade por um dos membros do grupo encarregado de aconselhar o governo britânico sobre a pandemia, conhecido como NervTag. Para que se estabeleça uma relação direta entre a variante e as infecções entre crianças, porém, os cientistas do grupo insistem que novos estudos precisam ser realizados.

O surgimento da nova variante foi comunicado à OMS no dia 14 de dezembro. Mas só nesta semana os estudos indicaram que sua taxa de transmissão poderia ser 70% superior ao coronavírus que se conhecia até então. O descobrimento levou o primeiro-ministro Boris Johnson a cancelar o Natal para milhões de pessoas, colocadas sobre restrição. Mais de 40 países fecharam acesso e voos para o Reino Unido.

De acordo com os cientistas, estudos estão sendo feitos para entender o que a mutação pode significar. Mas, para Neil Ferguson, os dados hoje sugerem que o vírus "tem uma propensão maior para infectar crianças". Mas ele mesmo foi claro em indicar que não estabeleceram "nenhum tipo de causalidade sobre isso". "Mas podemos ver isso nos dados", insistiu o professor da Imperial College de Londres.

"O que vimos ao longo de um período de cinco ou seis semanas é que a proporção consistente de casos para a variante em menores de 15 anos foi estatisticamente maior do que o vírus não-variante", disse.

Outros membros do mesmo grupo de aconselhamento do governo fizeram questão de alertar que não existem ainda provas dessa relação e pediram cautela. "Não estamos dizendo que se trata de um vírus que ataca especificamente as crianças", disse a pesquisadora Wendy Barclay, que também faz parte do grupo.

"Sabemos que o SARS-CoV-2, tal como surgiu como um vírus, não foi tão eficiente em infectar crianças, e há muitas hipóteses sobre isso", disse. Para ela, se o novo vírus está tendo mais facilidade para infectar, isso poderia mudar a situação para as crianças.

"Talvez as crianças sejam igualmente suscetíveis a este vírus como adultos e, portanto, dado seus padrões de mistura, você esperaria ver mais crianças sendo infectadas", disse.