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Jamil Chade

REPORTAGEM

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Maior vacinação alavancaria comércio mundial, diz OMC

 Vacina da AstraZeneca vista em posto de vacinação, na cidade de São Paulo - ANDRé RIBEIRO/ESTADÃO CONTEÚDO
Vacina da AstraZeneca vista em posto de vacinação, na cidade de São Paulo Imagem: ANDRé RIBEIRO/ESTADÃO CONTEÚDO

Colunista do UOL

12/05/2021 06h11

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A OMC (Organização Mundial do Comércio) aponta que uma maior distribuição de vacinas, principalmente em países mais pobres, poderia alavancar a recuperação das exportações no mundo e ajuda de forma decisiva regiões como a América Latina e África.

Num debate nesta quarta-feira promovido pelo Fórum Econômico Mundial, a diretora-geral da entidade, Ngozi Iweala indicou que a previsão de recuperação do comércio seria de 8% em 2021. Mas, com uma maior vacinação, o crescimento poderia chegar a 10%.

De acordo com ela, o mundo viu uma contração de 5,3% em volume de comércio em 2020 e 7% em valor. Mesmo uma recuperação de 8% neste ano, porém, não ocorreria de forma generalizada. O crescimento seria registrado acima de tudo na América do Norte e na Ásia, mas com a América Latina e África patinando.

Ngozi indicou que quer chegar a um acordo preliminar para aumentar a produção e distribuição de vacinas até julho. Mas alerta que apenas a suspensão de patentes, apoiada agora pelo presidente Joe Biden, não será suficiente.

Segundo ela, governos pelo mundo impuseram 109 medidas de restrição de exportações diante da pandemia, o que está afetando a capacidade de certos países a receber insumos e materiais. Parte dessas medidas já foram retiradas. Mas, segundo o levantamento da OMC, 51 obstáculos ainda estão em vigor.

Outro fator fundamental será a de identificar locais que poderiam ser usados para a produção de vacinas. Segundo Ngozi, existem diferentes laboratórios que estão sendo subutilizados em diversos países em desenvolvimento.

Para ela, a nova estrutura internacional precisa reduzir a concentração de produção e exportação de vacinas. "Hoje, 80% de exportações vem de dez países", disse. Segundo a diretora, isso deixa o mundo dependente de variáveis até mesmo domésticas, como no caso da crise na Índia. "Há um obstáculo político real", disse.

Ngozi destaca como, hoje, 99% das vacinas que 1,3 bilhão de africanos demandam são importadas e 90% dos remédios precisam vir de fora do continente.