Topo

Jamil Chade

REPORTAGEM

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Com risco de 3ª onda, pandemia no Brasil vai na contramão da média mundial

Cemitério em Manaus (AM) em meio à pandemia de coronavírus - Bruno Kelly/Reuters
Cemitério em Manaus (AM) em meio à pandemia de coronavírus Imagem: Bruno Kelly/Reuters

Colunista do UOL

09/06/2021 04h27

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Resumo da notícia

  • Número de novas contaminações cai em 15% no mundo, mas sobe 7% no Brasil
  • OMS aponta que pandemia caminha em "dois trilhos", com países com altas taxas de vacinação reduzindo contaminações e mortes
  • Contaminações no Brasil são quatro vezes superior à taxa nos EUA

Novos dados publicados pela OMS (Organização Mundial da Saúde) revelam que a pandemia no Brasil avança em uma direção contrária à média mundial, confirmando o risco de uma terceira onda de transmissão da covid-19.

Na semana que terminou no dia 6 de junho, o mundo viu uma queda de 15% em número de novos casos. No total, foram 3 milhões de contaminações extras. O volume está bem abaixo do que se registrava em março, quando mais de 5 milhões de casos eram identificados por semana. Mas, segundo a OMS, o total ainda está é "assustador"-

No caso brasileiro, porém, os números não acompanham a tendência média mundial. Na semana, o Brasil registrou 449 mil novos contaminados, uma alta de 7% em comparação ao volume identificado uma semana antes.

Sozinho, o Brasil registrou um número maior de casos que toda a Europa, onde 368 mil casos foram identificados. O continente europeu viu uma queda de 17% no número de casos em uma semana. Na França, a redução em uma semana foi de 22%, contra uma queda de 19% na Turquia. Mesmo nas Américas, a queda foi de 1%.

Mesmo na Índia, que lidera em número de contaminados, a queda foi de 33%, somando 914 mil. Uma redução similar foi registrada no Nepal, outro país que vive um período de transmissão aguda.

Reduções importantes ainda foram registradas nos EUA, que somou pela primeira vez depois de meses um número inferior a 100 mil novos casos na semana. Em sete dias, a redução foi de 35%.

Mesmo na Argentina, que se recusou a realizar a Copa América, houve uma queda de 3% na semana, para um total ainda elevado de 212 mil casos. Mas locais como a Colômbia e outros países latino-americanos continuam a ver uma expansão preocupante de casos.

Para Tedros Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, a vacinação em massa e a aplicação de medidas de distanciamento social, controle e teste explicam a queda nos números globais. Mas ele insiste que a pandemia passou a ganhar "dois trilhos", com países como o Brasil ainda vivendo um momento de intensa transmissão.

No que se refere às mortes, o mundo viu uma redução de 8%, somando um total de 73,8 mil. Mas queda é de 21% na Europa. Na Alemanha, a redução foi de 20%, contra 34% de contração na Turquia.

No caso brasileiro, a OMS destaca que o país continua a registrar o maior número das Américas e segundo maior do mundo, com 11,7 mil novos óbitos na semana. Mas a taxa representa uma queda de 7% em comparação ao período semanal anterior.

A vacinação, principalmente entre idosos, poderia estar ajudando a evitar uma explosão ainda maior do número. O temor, porém, é de que com a expansão no número de casos, uma população adulta não vacinada seja a principal vítima de uma eventual terceira onda de contaminações.

Quanto às variantes, os dados da OMS também indicam que mutação encontrada na Índia e que ganhou o nome de Delta já está em 74 países, superando a transmissão inclusive da mutação identificada no Brasil, a Gamma, que estaria em 64 países e territórios.