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Jamil Chade

REPORTAGEM

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3 bilhões de pessoas continuam off-line, mas pandemia acelera acesso

Uma favela do Rio de Janeiro  - Lindrik
Uma favela do Rio de Janeiro Imagem: Lindrik

Colunista do UOL

30/11/2021 11h00

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Mais de 30 anos depois da criação da Internet, uma das maiores revoluções tecnológicas da história continua inacessível para quase 3 bilhões de pessoas pelo mundo. Dados divulgados nesta terça-feira pela União Internacional de Telecomunicações indicam que 37% da população mundial ainda não utilizaram a Internet.

A agência especializada das Nações Unidas para tecnologias de informação e comunicação destaca a existência de um forte crescimento global no uso da Internet, que chegou a 4,9 bilhões em 2021. Em 2019, a taxa era de 4,1 bilhões.

A expansão inédita da web é considerada como "anormal" e sugere que as medidas tomadas durante a pandemia - lockdown e fechamento de escolas -, combinados com a necessidade das pessoas de acesso a notícias, serviços governamentais, atualizações de saúde, comércio eletrônico e bancos on-line - contribuíram para um "impulso à conectividade COVID".

Em comparação às taxas de 2019, 782 milhões de pessoas passaram a se conectar, um aumento de 17%. Só no primeiro ano da pandemia, a expansão foi de mais de 10%, o maior aumento anual em uma década.

De acordo com os dados, o forte crescimento desde 2019 foi impulsionado em grande parte pelo aumento do uso da Internet nos países em desenvolvimento. Nesse grupo de economias, a penetração da Internet subiu mais de 13%. Nos 46 países menos desenvolvidos, o aumento médio excedeu 20%.

Desigualdade continua

Apesar da expansão, a agência alerta que a capacidade de conexão permanece profundamente desigual.

"Dos 2,9 bilhões de pessoas ainda offline, 96 por cento vivem em países em desenvolvimento. E mesmo entre os 4,9 bilhões contados como "usuários da Internet", muitas centenas de milhões podem apenas ter a chance de conectar-se on-line com pouca frequência, através de dispositivos compartilhados, ou usando velocidades de conectividade que limitam acentuadamente a utilidade de sua conexão", diz a UIT.

Para Doreen Bogdan-Martin, diretora do Departamento de Desenvolvimento de Telecomunicações da UIT, um "vasto abismo de conectividade" permanece. Nos 50 países mais pobres do mundo, quase três quartos das pessoas nunca se conectaram à Internet.

Uma situação especialmente difícil ainda vive as mulheres nesses países mais pobres. Quatro em cada cinco ainda não estão conectadas e muitas dessas 'excluídas digitalmente' enfrentam pobreza, analfabetismo, acesso limitado à eletricidade e falta de habilidades digitais e conscientização.

Na média mundial, 62% dos homens usam a Internet em comparação com 57% das mulheres.

Nos países ricos, a disparidade de gênero na Internet foi praticamente eliminada. Nessas economias, 89% dos homens e 88% das mulheres estão on-line.

Mas, nos países mais pobres, a taxa de homens usando a web é de 31%, contra apenas 19% das mulheres. "A divisão de gênero permanece particularmente pronunciada na África, com 35% dos homens com acesso à Internet em comparação com 24% das mulheres", disse.

Outro fator ainda não superado é a disparidade entre a situação da web no meio rural e urbano.

"Globalmente, as pessoas nas áreas urbanas têm duas vezes mais probabilidade de usar a Internet do que as pessoas nas áreas rurais (76% urbano em comparação com 39% rural)", estima a agência.

"Nas economias desenvolvidas, a diferença urbano-rural parece insignificante em termos de uso da Internet, com 89% nas cidades contra 85% para o campo. Mas a disparidade sobe para 72% nas metrópoles de países em desenvolvimento, contra 34% no meio rural.