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Jamil Chade

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Governo Lula reabrirá embaixadas fechadas por Bolsonaro e expandirá postos

O presidente eleito do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, fala durante a conferência do clima COP27 - AHMAD GHARABLI/AFP - 16.nov.22 -
O presidente eleito do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, fala durante a conferência do clima COP27 Imagem: AHMAD GHARABLI/AFP - 16.nov.22 -

Colunista do UOL

01/12/2022 04h00Atualizada em 01/12/2022 10h14

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O futuro governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) quer reabrir as embaixadas do Brasil que Jair Bolsonaro (PL) fechou nos últimos quatro anos e vai avaliar o estabelecimento de novos postos diplomáticos em locais onde o país ainda não tem presença.

A afirmação é do ex-chanceler e ex-ministro da Defesa Celso Amorim, cotado para assumir um papel central no desenho da política externa de Lula. O diplomata faz parte do grupo de transição no Itamaraty.

Em 2020, no continente africano, as representações brasileiras que tinham sido abertas pelo primeiro governo Lula nas cidades de Freetown (Serra Leoa) e Monróvia (Libéria) foram fechadas e seus serviços foram deslocados para a embaixada do Brasil em Acra (Gana). Agora, a ideia é a de retomar os trabalhos nesses locais e ainda considerar países como Ruanda e Gâmbia.

No Caribe, as embaixadas localizadas nas cidades de Saint George's (Granada), Roseau (Dominica), Basseterre (São Cristóvão e Névis), Kingstown (São Vicente e Granadinas) e Saint John (Antígua e Barbuda) deixaram de existir em 2020 e tiveram suas funções acumuladas na representação brasileira em Bridgetown (Barbados).

Na América do Sul, a embaixada do Brasil em Caracas e os consulados e vice-consulados espalhados pela Venezuela também serão reabertos. No caso venezuelano, o fechamento ocorreu por um decisão política por parte da ala mais radical do bolsonarismo, que havia tomado uma decisão de romper com o governo de Nicolas Maduro.

A decisão, porém, deixou centenas de brasileiros que vivem na Venezuela sem assistência e, hoje, não conseguem ser atendidos para trâmites burocráticos. Na eleição presidencial, eles tiveram de viajar até a Colômbia se quisessem votar.

Antes de Bolsonaro vencer a eleição em 2018, o Brasil contava com cerca de 140 representações no exterior. Mas, antes mesmo de assumir, ele indicou que iria fechar embaixadas "ociosas".

A retirada do Brasil de diversas regiões, porém, não ocorreu apenas por conta do encerramento de embaixadas. Em diversos postos em continentes que não eram considerados como prioridade, o Itamaraty sequer enviava com frequência instruções aos seus diplomatas lotados nas embaixadas brasileiras.

Principalmente nos três primeiros anos do governo Bolsonaro, sob a gestão de Ernesto Araújo no Itamaraty, o Brasil abandonou parte de sua agenda com os países em desenvolvimento e concentrou suas relações tanto com os EUA de Donald Trump ou com governos liderados pela extrema direita.

Falando no Brazil Africa Fórum 2022, em São Paulo nesta quarta-feira, Amorim deixou claro que o continente africano "será prioridade de Lula". "O Brasil estará de volta no mundo e na África", insistiu.

Além das embaixadas, o Brasil vai reabrir os postos de adidos militares em locais considerados como estratégicos pelo continente.

Amorim lembrou que, ainda nos primeiro quatro meses do governo Lula, o chanceler visitou cinco países africanos. Em oito anos, o então presidente fez 30 viagens para a África, enquanto Amorim realizou 67 missões para o continente. "O Brasil é parte da África. Não há como separar", disse.