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Governo vê viagem de Xi para Moscou como impulso para agenda de Lula
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A visita do presidente da China, Xi Jinping, ao Kremlin nesta semana é vista no governo brasileiro como um reforço à agenda que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pretende tratar em sua viagem para Pequim, a partir do dia 26 de março.
Xi se reúne com o presidente Vladimir Putin, em meio à tentativa dos chineses de se apresentarem como eventuais mediadores para permitir o fim da guerra na Ucrânia e como um protagonista global.
Na segunda-feira, o encontro entre os dois líderes foi acompanhado de perto pelas capitais de todo o mundo, enquanto os governos dos EUA e europeus alertavam contra qualquer oferta de negociação de paz que possa apenas favorecer aos russos. "O mundo não deve ser enganado pelas propostas de paz de Xi", afirmou o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken.
Americanos temem que Pequim se aproveite da guerra para ditar seu plano de paz e desenhar uma nova ordem internacional no qual ele é o seguro do sistema multilateral.
Na Casa Branca, a posição é de que um eventual acordo de cessar-fogo articulado pela China acabe permitindo que as tropas russas permaneçam onde estão, em territórios ocupados.
Nas últimas semanas, a Casa Branca ainda emitiu alertas sobre uma possível aproximação de Putin e Xi para o abastecimento de armas ao exército russo.
Mas, para o Palácio do Planalto, Xi não deu qualquer indicação de que esteja em Moscou para vender armas.
Na avaliação do governo Lula, o encontro do chinês com Putin registra um envolvimento mais ativo de Pequim na busca pelo fim do conflito. Para o governo brasileiro, tal estratégia reforça a linha de ação proposta por Lula.
Brasília também destaca que a visita de Xi também vem na esteira do acordo de normalização das relações diplomáticas que os chineses promovera entre Irã e Arábia Saudita, e que deixou Washington deslocado.
E, com uma diplomacia chinesa envolvida diretamente numa ofensiva para um acordo de paz, a perspectiva é de que haja maior espaço para que as propostas de Lula de criar um grupo de países dispostos a agir como facilitadores de um acordo possam ganhar força.
No governo brasileiro, a alta cúpula da diplomacia não tem ilusões de que um acordo de paz não será uma obra isolada de um só país. Mas a aposta é de que tal caminho possa ser construído de forma coletiva, cada qual com seu papel, inclusive para dialogar com Joe Biden, Emmanuel Macron e Olaf Scholz.
Lula falará sobre Ucrânia com Xi
A viagem de Xi ocorre dias antes de Pequim receber uma das maiores delegações brasileiras a desembarcar na China. Serão quase 250 pessoas, entre políticos e empresários. Mas, no centro da agenda de debates entre os dois líderes estará uma estratégia para reconstruir caminhos para uma negociação diplomática para estabelecer o fim da guerra.
Entre diplomatas e negociadores internacionais, a realidade é que a viagem de Xi atende a diferentes interesses. Do lado de Pequim, a meta explícita é a de demonstrar o poder do governo chinês no cenário mundial como um eventual artífice de um acordo de paz.
Ao chegar em Moscou, os chineses se apressaram em declarar que sua meta era de salvaguardar a ordem mundial, uma mensagem que foi interpretada na ONU como uma defesa de princípios da Carta das Nações Unidas. Entre elas está:
- A defesa da integridade territorial de um país
- O princípios da não agressão
- A recusa do uso de armas nucleares
- E a rejeição às sanções unilaterais
Aos russos, porém, a viagem tinha outro contexto. Ainda que Putin tenha declaro que está disposto a negociar o plano de doze pontos de Xi, o Kremlin usa o encontro para desafiar o Ocidente e mostrar que não está isolado. Os russos querem tentar mostrar a existência de uma relação entre parceiros da mesma dimensão, ainda que essa não seja a visão da China sobre seu vizinho.
Nesta terça-feira, Putin promove um jantar de gala para Xi numa das alas mais prestigiadas do Kremlin. O local era usado pelo Czar Ivan para comemorar suas conquistas de novos territórios. O local foi o mesmo onde Pedro, o Grande, brindou a vitória sobre os suecos, em 1709. Mas o salão também foi palco da recepção dada pelos soviéticos para Ronald Reagan, em 1988. Uma relação que até hoje é vista como o início de uma humilhação e o colapso de um império.
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