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Lula e Xi negociam declaração conjunta de apoio à paz na Ucrânia
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Os governos do Brasil e da China negociam uma declaração conjunta, na qual vão defender uma saída negociada e pacífica para a guerra que já dura mais de um ano entre Rússia e Ucrânia. No Palácio do Planalto, o texto final ainda está em debate e os últimos acertos apenas deverão ser estabelecidos depois do encontro entre os presidentes Xi Jinping e Luiz Inácio Lula da Silva, no dia 14 de abril em Pequim.
A declaração com todos os pontos da agenda bilateral já estava em um estágio adiantado de negociações, considerando que a viagem de Lula ocorreria há uma semana. Mas horas antes de embarcar, o brasileiro foi obrigado a adiar a visita por conta de uma pneumonia. O texto trará detalhes sobre mais de 20 acordos que serão assinados entre os dois países.
O UOL apurou, porém, que um dos pontos mais esperados do texto é a referência sobre a guerra na Ucrânia. O assunto é de tal sensibilidade que a negociação está ocorrendo pelo próprio Palácio do Planalto, com pouco envolvimento da embaixada do Brasil em Pequim.
A ideia é de que a declaração cite a necessidade de que canais de diálogo sejam estabelecidos, permitindo que facilitadores possam buscar saídas para a crise.
Lula vem defendendo a criação de uma espécie de grupo de contato, formado por países que não estão diretamente envolvidos na guerra. Mas o projeto tem recebido uma acolhida fria por parte de Europa e dos EUA.
Já os chineses rejeitam qualquer referência acusatória contra a Rússia, o que exigirá um malabarismo diplomático por parte do Brasil. Há poucas semanas, na Casa Branca, Lula assinou uma declaração ao lado de Joe Biden condenando a agressão russa contra a Ucrânia.
Para ex-negociadores brasileiros, os americanos "conseguiram o que queriam": um documento por escrito no qual Lula condena Moscou.
O governo dos EUA já deixou claro que apenas aceitaria um papel do Brasil como interlocutor no processo de diálogo se aceitar que a Russia violou a Carta das Nações Unidas, que é o único agressor e que a Ucrânia é a única vítima.
Nos dias seguintes ao encontro entre Biden e Lula, o governo brasileiro fez gestos a ambos os lados. O presidente brasileiro falou com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, mas deixou claro que não há um acordo baseado em exigências unilaterais. Kiev insistiu em pedir o apoio de Lula ao seu projeto de paz, considerado como inaceitável por Moscou.
Na semana passada, foi a vez do assessor especial para Assuntos Internacionais, Celso Amorim, se reunir no Kremlin com o presidente Vladimir Putin e confirmar a viagem do chanceler russo, Sergei Lavrov, ao Brasil no dia 17 de abril.
Também surpreendeu as potências ocidentais o voto do Brasil, no final de março, de apoio a uma resolução proposta pela Rússia no Conselho de Segurança da ONU. Apenas Brasília e Pequim seguiram a ideia do Kremlin de criar uma investigação internacional para examinar a explosão no gasoduto que abastece a Europa com energia russa, o Nord Stream.
Todos os demais governos no principal órgão das Nações Unidas optaram por uma abstenção. O projeto, assim, não foi aprovado.
Amorim também esteve na França, dias antes de Emmanuel Macron, presidente da França, viajar para Pequim.
A expectativa é ainda de que os chineses peçam um endosso de Lula ao seu plano de paz para a Rússia. Mas o projeto é contestado pelos americanos, que não aceitam um cessar-fogo enquanto tropas russas estiverem em território ucraniano.
O temor ainda da Casa Branca e dos europeus é de que, se uma saída for negociada pela China, Xi sairá da guerra como o protagonista de um acordo de paz e força no cenário internacional. Há poucas semanas, o líder chinês intermediou e selou um entendimento entre sauditas e iranianos, para a surpresa dos EUA.
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