Jamil Chade

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Reportagem

Macron defende barreiras contestadas por Lula e países amazônicos em cúpula

O presidente da França, Emmanuel Macron, não atendeu ao convite do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para estar em Belém, na Cúpula da Amazônia, que ocorre hoje e amanhã. Sua ausência frustrou diplomatas. Mas, nas redes sociais, sua mensagem durante a abertura do evento deixou claro para negociadores que o europeu não abre mão de medidas que contrariam a posição dos países emergentes.

No texto, ele defendeu a criação de barreiras comerciais contra produtos que causem o desmatamento. A medida é contestada pelo Brasil e fará parte da declaração final da cúpula. Para a região, tais medidas comerciais não ajudam a combater o desmatamento e ainda aprofundam a polarização entre países ricos e emergentes.

Dentro do governo brasileiro, não se exclui sequer a abertura de uma disputa comercial, caso os europeus sigam com o projeto.

Mas, em sua mensagem, Macron sinalizou que não abre mão e chama a medida de "histórica".

Fomos a força motriz por trás da decisão histórica da União Europeia de parar de contribuir com o desmatamento importado.
Emmanuel Macron

O termo "desmatamento importado" é como foi cunhado o conceito de barreiras comerciais contra produtos importados que, ao serem cultivados ou extraídos, acabaram gerando desmatamento.

Segundo Macron, "as florestas são absolutamente essenciais na luta contra o aquecimento global e a perda de biodiversidade". Mas ele faz uma acusação direta: "Somente em 2022, quatro milhões de hectares de floresta tropical primária desapareceram", disse.

"Há uma necessidade urgente de interromper o desmatamento", alertou.

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Segundo ele, "muitos compromissos já foram assumidos". "Na COP em Glasgow, em 2021, nos comprometemos a interromper o desmatamento até 2030, e em Montreal, em 2022, a salvar 30% da terra e do mar", afirmou.

"Agora precisamos colocar essas ambições em prática. Como podemos fazer isso? Combatendo os flagelos do desmatamento, da poluição e do garimpo ilegal de ouro e, ao mesmo tempo, defendendo as pessoas que vivem na floresta e a partir dela", disse.

Num gesto diplomático, ele agradeceu Lula por organizar uma importante cúpula contra o desmatamento na Amazônia, reunindo os estados da região e parceiros particularmente comprometidos, incluindo a França".

Macron, porém, não fez qualquer referência à promessa dos países ricos, em 2009, de destinar US$ 100 bilhões por ano para que os emergentes realizem uma transição ecológica e protejam as florestas.

O francês aposta em outro caminho. "Durante minhas viagens nos últimos meses, a Libreville, na porta de entrada para a bacia florestal do Congo, e a Papua Nova Guiné, onde a floresta primária cobre a maior parte do território, pude promover um modelo que concilia a conservação da natureza e o desenvolvimento econômico, remunerando os serviços prestados pelos estados florestais e suas florestas", disse.

"Como resultado, as primeiras parcerias estão sendo estabelecidas entre os estados florestais e seus parceiros internacionais, para que estes últimos possam ajudar a financiar as ações para proteger e restaurar as florestas primárias, das quais todos nós precisamos para liderar a luta contra as mudanças climáticas", afirmou.

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"Esse é o modelo que estamos trazendo para Belém esta semana e será uma de nossas prioridades na COP 28, no final do ano", indicou.

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