Trump anuncia 'desregulamentação' ambiental; Brasil quer aliança global
O presidente eleito Donald Trump não perdeu tempo e anunciou, nesta segunda, a escolha da novo administração da Agência de Proteção Ambiental dos EUA. Mas foram as palavras usadas para fazer a declaração que chamaram a atenção de diplomatas de todo o mundo: o novo representante terá a missão de "desregulamentar" o setor.
O anúncio serviu como uma confirmação de que Trump vai adotar uma política conforme o que prometeu em sua campanha. O governo de Luiz Inácio Lula da Silva trabalha com a possibilidade real de que Donald Trump retire os EUA do Acordo de Paris. Mas vai trabalhar com a ideia que a comunidade internacional não pode ficar refém das decisões da Casa Branca na questão climática.
Para membros do alto escalão do governo brasileiro, a hora é de reforçar o trabalho multilateral para preservar tanto o Acordo de Paris, como os compromissos com as negociações nos próximos anos.
Nesta segunda-feira, Trump anunciou o deputado republicano Lee Zeldin como o novo administrador da Agência de Proteção Ambiental dos EUA. Ele terá a função de desmantelar diversas leis e regulamentações criadas por Joe Biden, ampliando o controle e penalidades sobre o setor privado.
Num comunicado, assessores do presidente eleito indicaram que Zeldin vai garantir a "desregulamentação" que permitirá que o setor produtivo americano possa voltar a crescer. O escolhido foi às redes sociais para confirmar sua nomeação, citando entre as prioridades do governo a recuperação do setor automotivo americano.
"Restauraremos o domínio energético dos EUA, revitalizaremos nosso setor automotivo para trazer de volta os empregos americanos e faremos dos EUA o líder global em IA. Faremos isso enquanto protegemos o acesso a ar e água limpos", postou Zeldin nas redes sociais.
Numa entrevista à rede Fox News, o escolhido por Trump sinalizou que iria desmontar as políticas da "esquerda" na área ambiental.
Zeldin é conhecido por sua postura na questão do meio ambiente. Ele recebeu a pior pontuação por parte de ONGs que monitoram o comportamento de deputados em questões ambientais. Em 2022, Zeldin votou contra a lei climática de Biden de 2022, além de ter criado obstáculos e votado contra o financiamento para o desenvolvimento de ônibus escolares limpos e para substituir canos de chumbo em projetos de infraestrutura pelos EUA.
Em 2025, o Brasil vai ser sede da Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, a COP30, e a eleição de Trump foi considerada no Palácio do Planalto como um risco de esvaziamento para o evento.
Trump, quando venceu a eleição em 2016, tomou a iniciativa de retirar os EUA do pacto climático. Documentos que formam parte da campanha do republicano, agora, colocaram a questão energética como prioridade, com a volta aos investimentos em petróleo e, uma vez mais, uma saída do Acordo de Paris.
Jornais como o New York Times revelaram, no fim de semana, que essa retirada americano do principal pacto ambiental deve ser um dos primeiros atos do governo Trump, a partir de 20 de janeiro de 2025.
No governo brasileiro, a percepção é de que isso criaria uma dificuldade real para o mundo. Parte da postura do país, portanto, será o de reconhecer que essa eventual saída será um "problema". Hoje, os americanos estão na segunda colocação como maiores emissões de gás de efeito estufa.
Mas deixar claro que cruzar os braços por quatro anos diante do negacionismo climático não é uma opção.
A esperança ainda de membros do governo é de que a postura de Trump seja contra-balanceada por três aspectos internos nos EUA. O primeiro deles é a aliança já criada entre diferentes governos estaduais e municípios que prometeram manter as metas do Acordo de Paris e de redução de emissões, independente da política do governo federal americano.
Uma outra aposta do Brasil se refere aos investimentos já iniciados no governo de Joe Biden, por parte da iniciativa privada.
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JAMIL CHADE
Todo sábado, Jamil escreve sobre temas sociais para uma personalidade com base em sua carreira de correspondente.
Quero receberA estimativa é de que esses compromissos financeiros não podem ser simplesmente abandonados. Por fim, a aposta é ainda numa pressão cada vez maior por parte das grandes seguradoras norte-americanas e globais, que vivem prejuízos importantes diante de eventos climáticos cada vez mais frequentes nos países ricos.
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