Denúncias de crimes sexuais abrem questionamentos sobre nomeados por Trump
Donald Trump planejava uma semana de uma intensa lista de nomeações, demonstrando aos americanos e ao mundo de que embarca para seu segundo mandato convicto da direção de seu governo. Em grande parte, foi isso que ele fez.
Mas um dia após anunciar Pete Hegseth como secretário de Defesa — que vai comandar um exército de 2 milhões de pessoas —, sua equipe foi informada de que o escolhido havia sido investigado pela polícia na Califórnia por assédio sexual, em 2017.
O suposto ato ocorreu durante uma conferência de mulheres republicanas e ele não foi indiciado. Mas o tema despertou preocupação entre republicanos sobre os riscos de alguns de seus escolhidos e abriu questionamentos.
A maior polêmica se refere ao indicado por Trump para o cargo de procurador-geral: Matt Gaetz.
O deputado da Flórida foi alvo de uma investigação federal sobre tráfico sexual que começou ainda durante o primeiro mandato de Trump. O inquérito apontava que Gaetz e o também republicano Joel Greenberg ofereciam dinheiro e presentes a meninas menores de idade, em troca de sexo. Greenberg admitiu o crime em 2021.
Segundo o processo, ele pagou mulheres e uma menor de idade para fazer sexo com ele e outros homens. Os "outros homens" não foram identificados nos documentos do tribunal. Greenberg foi condenado a 11 anos de prisão.
Os agentes federais investigaram ainda uma viagem que Gaetz fez às Bahamas com um grupo de mulheres e um doador de sua campanha. O que a Justiça queria saber é se as mulheres foram pagas ou receberam presentes para ter relações sexuais. Os promotores também investigaram se Gaetz e seus aliados tentaram garantir empregos no governo para algumas dessas mulheres.
Gaetz, porém, insiste que o processo contra ele foi arquivado. Ainda assim, o Comitê de Ética do Congresso americano decidiu seguir com a investigação.
Em junho deste ano, o Comitê explicou que sua investigação avaliava se Gaetz se envolveu em uma conduta sexual inadequada, uso de drogas ilícitas, compartilhou imagens inadequadas dentro do Congresso, aceitou presentes impróprios e tentou obstruir as investigações do governo sobre sua conduta.
Quatro mulheres informaram ao Comitê de Ética da Câmara que haviam sido pagas para ir a festas que incluíam sexo e drogas, e que Gaetz também havia comparecido. O Comitê teria os comprovantes das transações de Gaetz, que supostamente mostram pagamentos para as mulheres. Mas o centro do inquérito era a suposta presença de uma menina de 17 anos.
Gaetz negou repetidamente qualquer irregularidade e chamou a investigação do comitê de uma campanha de difamação "frívola".
"O deputado Gaetz negou categoricamente todas as alegações feitas perante o Comitê. Apesar da dificuldade em obter informações relevantes do deputado Gaetz e de outros, o Comitê conversou com mais de uma dúzia de testemunhas, emitiu 25 intimações e analisou milhares de páginas de documentos sobre esse assunto", afirmou o Comitê de Ética, em um comunicado em junho.
"Com base em sua análise até o momento, o Comitê determinou que algumas das alegações merecem uma análise contínua. Durante o curso de sua investigação, o Comitê também identificou alegações adicionais que merecem ser analisadas", disse.
Na sexta-feira (15), o advogado de duas mulheres que foram testemunhas na investigação do Comitê de Ética revelou que suas clientes confirmaram que viram o congressista fazendo sexo com um menor.
"Minha cliente testemunhou ao Comitê de Ética da Câmara que presenciou Matt Gaetz fazendo sexo com um menor", disse o advogado Joel Leppard.
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JAMIL CHADE
Todo sábado, Jamil escreve sobre temas sociais para uma personalidade com base em sua carreira de correspondente.
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Mas, para ocupar o novo cargo, o escolhido de Trump renunciou ao seu mandato como deputado. Isso obriga o Congresso a arquivar a investigação.
Mesmo assim, há uma forte pressão para que as conclusões do Comitê sejam conhecidas, antes de ele ser aprovado para o novo cargo pelo Senado controlado pelos republicanos.
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