Jamil Chade

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Reportagem

Mesmo com divergências, Milei não vetará texto final do G20

Num comunicado emitido nesta segunda-feira (18), o governo de Javier Milei anunciou que a Argentina não irá aderir a vários pontos da declaração final da cúpula do G20, organizada pelo Brasil. Mas a diplomacia de Buenos Aires não irá vetar o documento final e permitirá que o texto seja aprovado pelos demais líderes, mesmo sem sua presença em alguns trechos.

Na prática, isso significa que os argentinos não se comprometem com alguns dos acordos. Mas tampouco geram um impasse que ameaçaria a cúpula. Uma das opções é de que sejam mencionados apenas numa nota de roda pé, como é feito tradicionalmente quando um país apresenta resistências em relação a um determinado trecho de um acordo. O país poderia vetar o texto inteiro, mas não pode vetar trechos.

No caso do G20, a Argentina deve ser a única a adotar tal postura, o que já vinha deixando negociadores irritados nos bastidores nos últimos dias.

Segundo o comunicado, trata-se da primeira vez que a Argentina assina a declaração dos presidentes do G20, mas "desvinculando-se parcialmente de todo o conteúdo da Agenda 2030". A referência da Agenda 2030 é uma sinalização para a extrema direita mundial que, nos últimos anos, transformou o projeto da ONU de avanços em direitos sociais em um inimigo do movimento ultraconservador.

"Organismos e fóruns internacionais, como o G-20, foram criados com o espírito de que todas as nações envolvidas poderiam se reunir para cooperar voluntariamente, como iguais e de forma autônoma, para, entre outras coisas, salvaguardar os direitos básicos das pessoas", disse o comunicado da Casa Rosada.

"Hoje, no entanto, quase 70 anos após a inauguração desse sistema de cooperação internacional, chegou o momento de reconhecer que esse modelo está em crise, pois há muito tempo está em desacordo com seu propósito original", alertou.

"É por isso que, sem impedir a declaração dos outros líderes, o presidente Javier Milei deixou claro em sua participação no G20 que não apoia vários pontos da declaração", disse o comunicado.

Entre eles estão:

  • a promoção da limitação da liberdade de expressão nas redes sociais;
  • o esquema de imposição e violação da soberania das instituições de governança global;
  • o tratamento desigual perante a lei e, especialmente, a noção de que uma maior intervenção do Estado é o caminho para combater a fome.
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"Toda vez que se tentou combater a fome e a pobreza com medidas que aumentaram a presença do Estado na economia, o resultado foi o êxodo de pessoas e de capital e a perda de milhões de vidas", disse.

"Na luta contra esses flagelos, o Presidente Javier Milei tem uma posição clara: se quisermos combater a fome e erradicar a pobreza, a solução é tirar o Estado do caminho", afirmou o comunicado.

Para ele, "devemos desregulamentar a atividade econômica para liberar o mercado e facilitar o comércio, e deixar que a troca voluntária de bens e serviços traga prosperidade". "O capitalismo de livre mercado já tirou 90% da população global da pobreza extrema e dobrou a expectativa de vida", insistiu.

"É por isso que o Presidente Javier Milei pede a todos os líderes mundiais que sigam esse caminho, que na Argentina já está dando frutos após décadas sofrendo em primeira mão a fome e a miséria causadas pela intervenção estatal. Este governo mantém a fé e a esperança de que a comunidade internacional volte a se conectar com os princípios que lhe deram vida", completou.

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