Netanyahu rejeita compromisso de retirada e impasse ameaça paz; leia acordo
O governo de Benjamin Netanyahu nega que tenha aceito retirar suas tropas do sul de Gaza, na fronteira com o Egito. Em comunicado, o gabinete israelense indicou que não desocuparia a região conhecida como Corredor Philadelphi durante a primeira fase do acordo, anunciado na quarta-feira (15) e comemorado tanto por Donald Trump como por Joe Biden.
O gabinete de Netanyahu se reuniria nesta quinta-feira (16) para aprovar o acordo. Mas a reunião foi adiada, enquanto os negociadores continuam reunidos no Qatar. Enquanto isso, mais de 80 palestinos morreram nas últimas 24 horas, incluindo 20 crianças e 25 mulheres.
Israel acusa o Hamas de ser o responsável pela nova crise. Já o grupo palestino insiste que está pronto para aceitar o acordo.
"Não há base para as alegações de Netanyahu sobre o movimento estar recuando em relação aos termos do acordo de cessar-fogo", disse Sami Abu Zuhri, representante do Hamas. Izzat al-Risheq, membro do escritório político do grupo extremista, afirmou em comunicado que estão "comprometidos com o acordo de cessar-fogo, que foi anunciado pelos mediadores."
O posicionamento de Israel, segundo diplomatas consultados pelo UOL, contradiz o texto acordo. Em uma cópia do pacto, obtido pela reportagem, fica evidenciado que retirar as tropas do local era um dos pontos acertados.
O que diz o acordo:
"Corredor Philadelphi:
O lado israelense reduzirá gradualmente as forças na área do corredor durante o estágio 1 com base nos mapas anexos e no acordo entre os dois lados.
Após a libertação do último refém da primeira fase, no dia 42, as forças israelenses iniciarão a retirada e a concluirão no máximo no dia 50.
Passagem de fronteira de Rafa:
A passagem de Rafa estará pronta para a transferência de civis e feridos após a libertação de todas as mulheres (civis e soldados). Israel trabalhará para que a passagem esteja pronta assim que o acordo for assinado.
As forças israelenses serão redistribuídas em torno da passagem de Rafa de acordo com os mapas anexos.
Nesta quinta-feira (16), o posicionamento de Israel foi outro, deixando diplomatas e negociadores preocupados sobre o eventual colapso do processo.
"Ao contrário dos relatos enganosos, Israel não está se retirando do Corredor Philadelphi. Israel permanecerá na Fase A do corredor durante todo o período de 42 dias", disse o gabinete de Netanyahu.
"O escopo das forças permanecerá em seu tamanho atual, mas será implantado de forma diferente - abrangendo postos avançados, patrulhas, observações e controle ao longo de todo o corredor".
"Durante a Fase A, a partir do 16º dia, serão iniciadas as negociações para o fim da guerra. Se o Hamas não concordar com as exigências de Israel para encerrar a guerra (alcançar os objetivos da guerra), Israel permanecerá no Corredor Filadélfia no 42º dia e, consequentemente, além do 50º dia", explicou. "Em termos práticos, Israel permanecerá no Corredor Filadélfia até segunda ordem", concluiu.
O que mais diz o acordo sobre as tropas israelense:
"Retirada das forças israelenses para o leste das áreas densamente povoadas ao longo das fronteiras da Faixa de Gaza, incluindo Wadi Gaza (eixo de Netzarim e rotatória do Kuwait). As forças israelenses serão posicionadas em um perímetro de (700) metros, com uma exceção em pontos localizados a serem aumentados em não mais que (400) metros adicionais que o lado israelense determinará, ao sul e a oeste da fronteira, e com base nos mapas acordados por ambos os lados que acompanham o acordo".
O que mais prevê o pacto sobre a troca de prisioneiros:
Os 9 doentes e feridos da lista de 33 serão libertados em troca da libertação de 110 prisioneiros palestinos com sentenças de prisão perpétua.
Israel libertará 1.000 prisioneiros de Gaza a partir de 8 de outubro de 2023 que não estavam envolvidos no 7 de outubro de 2023.
Os idosos (homens com mais de 50 anos) da lista de 33 serão libertados em troca de uma chave de troca de 1:3 sentenças de prisão perpétua + 1:27 outras sentenças.
Ebra Mangesto e Hesham el-Sayed - serão libertados de acordo com uma chave de troca de 1:30, bem como 47 prisioneiros de Shalit.
Vários prisioneiros palestinos serão libertados no exterior ou em Gaza com base em listas acordadas entre os dois lados.
Ajuda para Gaza
Já a União Europeia indicou que irá disponibilizar US$ 123 milhões para a ajuda humanitária em Gaza, uma fração dos US$ 18 bilhões em fornecimento de armas por parte dos EUA para Israel.
A ONU também anunciou que está pronta para fazer entregas de remédios e alimentos, assim que o pacto entrar em vigor.
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