Jamil Chade

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Reportagem

Novo voo com deportados ao Brasil está marcado para sexta, via Fortaleza

O governo de Donald Trump irá enviar mais um voo com brasileiros deportados ao Brasil. A operação está marcada para ocorrer nesta sexta-feira (7), porém, haverá mudança no trajeto feito anteriormente, tanto no governo de Joe Biden, como na primeira semana do novo presidente.

De acordo com fontes do governo brasileiro, o aeroporto de desembarque será Fortaleza. O Brasil não quer que aviões sobrevoem o território nacional com imigrantes acorrentados ou com algemas. A decisão, portanto, foi a de mudar o destino de Belo Horizonte para a cidade no Nordeste. De lá, os brasileiros serão atendidos pelas autoridades nacionais.

A decisão foi tomada após uma reunião na terça-feira (4) entre o governo do Brasil e diplomatas americanos. O grupo de trabalho havia sido criado depois da crise que tomou conta do voo na semana passada. O Itamaraty, porém, queria evitar que o incidente abrisse uma polêmica política com o presidente americano.

Por anos, os diferentes governos brasileiros tentaram convencer Trump, Joe Biden e agora mais uma vez o governo republicano a realizar o embarque dos deportados sem a necessidade de algemas. Os pedidos foram rejeitados.

A estimativa é de que pelo menos 30 mil brasileiros estejam aguardando deportação. O objetivo do Brasil é de que essas pessoas possam ser tratadas adequadamente, mas também que o processo possa ser acelerado.

"Queremos que os brasileiros sejam bem tratados", diz Lula

O presidente Lula (PT) declarou que os brasileiros deportados devem ser bem tratados e afirmou que não abre mão do cumprimento das leis nacionais no momento em que aeronaves com repatriados aterrissem em território brasileiro. "Quando o avião abre a porta, eles estão submetidos à legislação brasileira, e disso vamos cuidar com carinho, porque queremos que os brasileiros sejam bem tratados", disse hoje, em entrevista a rádios de Minas Gerais.

"É uma questão de direitos humanos. Vamos cuidar dos brasileiros com carinho e respeito. Inclusive com assistência médica, como se deve tratar um ser humano", acrescentou.

O presidente mencionou o voo com brasileiros que aterrissou em Manaus na semana passada após problemas de pressurização, em que os repatriados desceram da aeronave acorrentados e algemados. "A nossa Polícia Federal interveio, o nosso Ministério das Relações Exteriores interveio, a nossa Ministra dos Direitos Humanos interveio, e acertamos que eles não iam poder ser acorrentados", disse.

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Na ocasião, os brasileiros seguiram viagem para Belo Horizonte em uma aeronave da Força Aérea Brasileira, com alimentação, hidratação e tratamento digno.

Relatos de agressões e humilhações em primeiro voo da era Trump

Homem abraça mulher em aeroporto de Confins após deportados pousarem na capital mineira
Homem abraça mulher em aeroporto de Confins após deportados pousarem na capital mineira Imagem: Reuters

Um grupo com 88 brasileiros deportados chegou ao Brasil no primeiro voo dos Estados Unidos para o Brasil depois da posse de Donald Trump. Durante o voo, houve desentendimento entre os deportados e agentes da imigração. Segundo relatos dos passageiros, agressões começaram após desentendimento devido ao calor. Deportados não tiveram autorização para descer da aeronave durante a manutenção.

A Polícia Federal no Amazonas apura as denúncias de agressões sofridas por brasileiros deportados dos Estados Unidos. O UOL confirmou que agentes já colheram depoimentos de brasileiros e farão outras diligências, como análise de câmeras de segurança. Não há inquérito instaurado ainda.

A investigação será encaminhada para o departamento dos EUA responsável pela imigração. O procedimento também será compartilhado com órgãos internacionais de cooperação, em busca de mais elementos para a apuração.

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Em nota, o Ministério das Relações Exteriores diz que tratamento viola o acordo firmado entre os governos. O Itamaraty informou no domingo (26) que vai cobrar esclarecimentos de autoridades americanas.

Os voos de repatriação acontecem desde 2018 para evitar que essas pessoas permaneçam em presídios dos EUA indefinidamente. Conforme o acordo, o governo brasileiro não aceita a inclusão nos voos daqueles que ainda possuem chance de revisão de sentença.

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