Trump cria 'ministério da Fé' na Casa Branca e promete defender cristãos

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O presidente Donald Trump assinou, nesta quinta-feira, uma ordem executiva para criar uma força-tarefa na procuradoria-geral dos EUA para investigar ações na sociedade americana contra cristãos. Ele também determinou a "erradicação" de qualquer "tendência anticristã" nas agências federais.
Trump ainda indicou que criará um Escritório de Fé da Casa Branca, liderado pela reverenda Paula White, apresentada como "conselheira religiosa" do presidente e "tele-evangelista". Polêmica, ela chegou a sugerir que "confederações demoníacas" roubaram e eleição de 2020 na qual Trump foi derrotado.
As medidas já foram denunciadas por opositores, que alertam para o caráter laico do estado.
Segundo ele, houve uma tentativa de "criminalizar" o cristianismo em gestões passadas.
"Em 2023, um memorando do Federal Bureau of Investigation (FBI) afirmou que os católicos "radicais-tradicionalistas" eram ameaças de terrorismo doméstico e sugeriu a infiltração em igrejas católicas como "mitigação de ameaças". Esse memorando do FBI, posteriormente retirado, citou como evidência de apoio propaganda de fontes altamente partidárias", acusou.
"Essa atmosfera de governo anticristão, a hostilidade e o vandalismo contra igrejas e locais de cultos cristãos aumentaram, com o número de atos identificados em 2023 excedendo em mais de oito vezes o número de 2018. As igrejas e instituições católicas foram alvo de agressividade com centenas de atos de hostilidade, violência e vandalismo", disse.
Agora, a força-tarefa que será colocada sob a gestão da procuradora-geral ainda terá o poder de "solicitar informações e ideias de uma ampla gama de indivíduos e grupos, incluindo americanos afetados por condutas anticristãs, organizações religiosas e governos estaduais, locais e tribais, a fim de garantir que seu trabalho seja informado por um amplo espectro de ideias e experiências".
Falando no tradicional Café da Manhã Nacional de Oração, um encontro religioso anual dos EUA que se transformou num poderoso gripo de lobby, o presidente usou um discurso atrelando o patriotismo à fé cristã. Nos 15 primeiros dias de seu governo, Trump anunciou diversas medidas reivindicadas pela base religiosa e de caráter conservador. Um delas foi a definição da existência apenas do sexo biológico em documentos oficiais, assim como a suspensão de ajuda internacional para programas que lidem com direitos reprodutivos e sexuais.
Agora, porém, sua ação vai além. "Vamos investigar e processar tendências anticristãs", disse. "Vamos defender os cristãos nesse país. Nunca tivemos isso antes. Vamos proteger os cristãos nas escolas, entre nossos militares e nas comunidades", insistiu.
Horas depois, ele assinou as ordens executivas.
O departamento que investigará ações contra cristãos ficará sob a responsabilidade de Pam Bondi, que foi empossada como procuradora-geral na quarta-feira, horas depois de o Senado tê-la confirmado no comando do Departamento de Justiça.
O presidente ainda anunciou que está criando uma Comissão sobre Liberdade Religiosa e denunciou a "perseguição horrível" contra cristãos nos EUA. Segundo Trump, a lei estava sendo "instrumentalizada" contra essas pessoas por "orar".
O discurso do presidente é o primeiro, desde que ele assumiu a presidência, a demarcar seu posicionamento aos núcleos mais conservadores do país. "Vamos trazer de volta a religião", disse. Segundo ele, a ausência da fé tem sido "um dos grandes problemas" do país nos últimos anos.
Trump ainda criticou o fato de que, durante a pandemia da covid-19, as igrejas tiveram de ser fechadas. "Estamos machucados. Mas vamos unir a nação de volta sob Deus", afirmou.
Seu discurso ainda vinculou a política com a fé. "Deus tem um plano especial para a América e esse plano vai acontecer", disse Trump, que fez uma comparação entre a missão religiosa como os soldados americanos que "lutam pelo mundo".
Na mesma fala, Trump ainda anunciou que vai criar um parque nacional com estátuas de "grandes americanos. "Será o Jardim Nacional de Heróis. Alguns de vocês estarão la", afirmou o presidente à plateia de políticos e religiosos.
Trump ainda reforçou sua tese de que ele apenas sobreviveu ao atentado em 2024 graças a sua fé. "Deus me salvou", disse, brincando que seu cabelo não foi afetado.
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