Jamil Chade

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Reportagem

'Serenidade e pragmatismo': a receita do Brasil diante do governo Trump

O governo brasileiro promete agir com "serenidade e pragmatismo" ao tratar das ameaças de Donald Trump. Nesta segunda-feira (10), o norte-americano deve anunciar tarifas contra o aço, afetando potencialmente US$ 6 bilhões em exportações brasileiras. Os problemas podem ser ampliados ainda nesta semana, diante da promessa do americano de que irá aplicar uma política de reciprocidade tarifária.

Se o Brasil trabalha para mapear a dimensão da crise e, se necessário, adotar respostas contra os bens americanos ou empresas digitais, a ordem dentro do Itamaraty é a de agir sem que as crises sejam escaladas. Fontes na chancelaria explicaram ao UOL que a base da resposta do governo foi descrita pelo ministro Mauro Vieira, em um discurso no Rio de Janeiro, na última sexta-feira (7).

O objetivo é o de não alimentar a estratégia de Trump de "inundar" o noticiário e nem de entrar em seus jogos de manipulação e chantagem.

"Soluções prontas e alinhamentos automáticos -- ditados do quadrante que for -- não atendem à política externa de um país da grandeza do Brasil", afirmou Vieira.

"Foi esse, aliás, o ensinamento do próprio patrono desta fundação, em seu célebre pragmatismo nacionalista", explicou.

Segundo ele, "diante das incertezas do mundo atual, não nos afastaremos dessa linha".

"Usaremos os principais palcos de concertação da política global -- frequentemente instalados no Brasil, do G20 ao BRICS e à COP30 -- para defender resolutamente a nossa visão", disse.

"Não cederemos à ansiedade do ritmo vertiginoso da mídia em tempo real e das redes sociais. Tampouco nos deixaremos levar pelo imediatismo na resposta aos desafios que se apresentem", afirmou.

"Continuaremos a nos orientar por um estilo diplomático sereno, sóbrio e pragmático", completou.

A postura, segundo diplomatas, teria funcionado no caso dos brasileiros deportados. Apesar de um primeiro voo desastroso, o Brasil não permitiu que o incidente se transformasse numa crise e nem que seguisse o mesmo caminho das ameaças de Trump contra a Colômbia.

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