Jamil Chade

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Reportagem

Setor privado pede que Brasil e EUA negociem saída 'equilibrada' para taxas

O setor privado quer que os governos de Brasil e EUA negociem uma solução pacífica para a situação envolvendo as tarifas impostas por Donald Trump. Numa nota, a Câmara de Comércio Brasil EUA indicou que "diante dos benefícios mútuos e da relevância da relação bilateral, a Amcham Brasil reforça a necessidade de um diálogo construtivo entre os governos do Brasil e dos Estados Unidos para buscar soluções negociadas e equilibradas".

O UOL apurou que a embaixada do Brasil em Washington já trabalha para estabelecer contato com a Casa Branca, com o objetivo de abrir um diálogo sobre a questão tarifária.

A entidade, que reúne algumas das maiores multinacionais americanas e brasileiras, também destaca como a tarifa média cobrada pelo Brasil aos bens dos EUA é de apenas 2,7% e que o superávit americano é de mais de US$ 200 bilhões.

Na quinta-feira, Trump anunciou a criação de um plano que vai estabelecer taxas recíprocas entre os países, colocando fim a décadas de um regime comercial. O projeto apenas entra em vigor em 1 de abril e, até lá, os americanos indicaram que estão dispostos a negociar.

Um dos países mencionados pela Casa Branca como sendo "injusto" com os produtos americanos é o Brasil, que taxa o etanol dos EUA 18% para entrar no mercado nacional.

Para a Amcham, porém, a realidade do comércio bilateral é de equilíbrio e até mesmo de vantagens para os americanos.

"A relação econômica e comercial entre Brasil e Estados Unidos é equilibrada e benéfica para empresas, trabalhadores e consumidores de ambos os países", disse a entidade, que possui mais de 3.500 empresas associadas, que representam cerca de um terço do PIB e 3 milhões de empregos diretos no Brasil.

"A alta complementaridade e o perfil intrafirma do comércio bilateral tornam os Estados Unidos um fornecedor confiável e competitivo para o setor produtivo brasileiro, assim como o Brasil para as empresas americanas", afirmam.

Segundo estatísticas americanas, nos últimos dez anos (2014-2023), os Estados Unidos acumularam um superávit de US$ 263,1 bilhões no comércio de bens e serviços com o Brasil. Se for levado em consideração apenas o fluxo de bens, essa taxa chega a US$ 100,3 bilhões.

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Apenas em 2024, o saldo positivo em bens para os Estados Unidos foi de US$ 7,3 bilhões, o sétimo maior entre seus parceiros comerciais.

O setor privado ainda destaca que as tarifas de importação aplicadas pelo Brasil seguem "compromissos negociados internacionalmente, com a participação dos Estados Unidos".

"Embora a tarifa média nominal brasileira para o mundo seja de 12,4%, a tarifa média efetiva ponderada sobre as importações americanas é de apenas 2,7%", destacam.

"Essa diferença ocorre devido à alta participação de produtos americanos com alíquota zero nas importações brasileiras, como aeronaves e suas partes, petróleo bruto e gás natural, além do uso de regimes aduaneiros especiais - como drawback, ex-tarifário e Recof - que reduzem ou eliminam impostos sobre importações dos Estados Unido", disseram.

"Como resultado, mais de 48% das exportações americanas para o Brasil entram sem tarifas, e outros 15% estão sujeitos a alíquotas de no máximo 2%", completou.

Reportagem

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