Ação contra Moraes nos EUA não afeta caso contra Bolsonaro, dizem ministros

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Ministros do Supremo Tribunal Federal afirmaram ao UOL que o caso aberto contra Alexandre de Moraes nos EUA pela empresa de Donald Trump não afeta o trabalho do Judiciário no Brasil e nem no caso envolvendo a denúncia de tentativa de golpe de Estado por parte de Jair Bolsonaro.
Horas depois de a Procuradoria-Geral da República apresentar uma denúncia contra o ex-presidente e outras 33 pessoas, a Trump Media Group e a Rumble acionaram Alexandre de Moraes na Justiça dos EUA por conta de uma alegação de censura contra Allan dos Santos, foragido no território americano.
O gesto foi interpretado por fontes em Brasília como uma sinalização por parte de bolsonaristas de que teriam o apoio de Trump contra qualquer decisão que eventualmente o STF tome contra o ex-presidente.
Em condição de anonimato, porém, quatro juízes conversaram com a reportagem e confirmaram que estão "monitorando" o que pode vir a ser uma pressão por parte do governo de Donald Trump contra as diferentes instituições brasileiras.
Mas, por enquanto, o caso é considerado como "barulho" e um fato para "alimentar a narrativa bolsonarista" no Brasil.
De fato, assim que a notícia foi revelada, Eduardo Bolsonaro iniciou uma difusão de seu conteúdo nas redes sociais, sugerindo que o caso iria abalar a situação internacional do Brasil.
Mas um dos ministros insistiu que o processo "em nada afeta" o trabalho do STF com relação aos casos que serão julgados nos próximos meses. Outro ainda chamou de "barulho" e que, no máximo, o que pode ocorrer é suspender os efeitos de uma decisão brasileira nos EUA. Algo que o STF também poderia fazer com uma decisão judicial americana.
Outro ministro ainda garantiu que, no Supremo, "ninguém está preocupado" com isso.
No Palácio do Planalto e entre diplomatas brasileiros, o temor é de que o bolsonarismo tente atrair o governo Trump para a eleição em 2026, no país. Embaixadores experientes também admitiram que essa relação entre as alas mais radicais desses movimentos populistas nos EUA e no Brasil pode abalar os esforços do governo de usar canais tradicionais para negociar com a Casa Branca.
Na sexta-feira, o bilionário Elon Musk republicou em suas redes sociais uma postagem que indicava que "brasileiros" protestariam pelo "impeachment de Lula". O bilionário apenas escreveu "Wow". Mas seu gesto chamou a atenção do governo.
Ele não foi o único. O senador republicano Mike Lee foi às redes sociais para insuflar a ideia promovida por bolsonaristas que dinheiro público americano teria sido usado nas eleições em 2022, no Brasil, para supostamente favorecer os adversários do PL. Não há qualquer evidência comprovada neste sentido.
No dia 12, foi o próprio Musk quem levantou a possibilidade de uma "investigação sobre lawfare" quando foi provocado pelo mesmo senador americano sobre uma suposta "interferência de juízes" na eleição. Era uma alusão ao Brasil.
Durante sua segunda viagem aos EUA em menos de um mês, Eduardo Bolsonaro se reuniu nesta semana com os deputados da base de Trump, os republicanos Chris Smith, Rich McCormick, Jim Jordan e Maria Salazar, assim como com o senador Rick Scott.
Eduardo Bolsonaro deve voltar aos EUA no final de semana para um evento da extrema direita mundial, o CPAC, em Washington.
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