Trump se alinha a Ortega, Putin, Kim e ditaduras em voto na ONU

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Ao se opor ao projeto de resolução que condena a Rússia pela invasão da Ucrânia, o governo de Donald Trump se alinhou inesperadamente ao lado da Nicarágua de Daniel Ortega, de Coreia do Norte, Guiné Equatorial, Niger, Sudão, Belarus e Rússia, todos regimes autoritários.
A resolução proposta pelos europeus foi aprovada nesta segunda-feira na Assembleia Geral da ONU, no que marcou a primeira grande derrota dos americanos no cenário internacional. Apenas 18 países, entre eles os EUA, votaram contra o texto que citava a necessidade de que a invasão fosse encerrada. Hungria e Israel, aliados americanos e governados pela extrema direita, também votaram contra a resolução da Europa.
Brasil, China, Índia e África do Sul optaram por uma abstenção, ao lado de 65 países. Mas 93 votaram pelo texto apoiado pela Europa.
Trump, na semana passada, chocou o Ocidente ao se aproximar de Vladimir Putin, sugerir que a Ucrânia deveria ceder território, que não poderia ingressar na Otan e que teria de devolver os recursos americanos enviados para a guerra.
Trump ainda chamou o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky de "ditador" e indicou que ele não teria legitimidade para negociar.
Mas, nos bastidores, foi a agressividade da diplomacia americana que chocou as delegações na ONU. Instantes antes do voto, pequenos países anunciaram que estavam deixando de patrocinar o texto europeu, entre eles Micronésia, Palau e Costa Rica.
Ao explicar sua abstenção, o governo brasileiro insistiu que todos estão de acordo que a guerra precisa acabar.
Mas a opção pela abstenção foi tomada para "preservar o ambiente de diálogo".
Sergio Danese, embaixador brasileiro na ONU, indicou que "nenhum dos dois textos" estavam "amadurecidos", numa referência à iniciativa dos europeus e dos próprios americanos.
O governo brasileiro considera que um deles, o que foi aprovado e apresentado pela UE, apenas repetia receitas que não deram resultados. De outro lado, o texto de Trump que poupava a Rússia precisaria de mais tempo para "consultas e ajustes".
Danese indicou que um acordo poderia ser encontrado "em algum lugar" entre as duas propostas. "Vemos méritos em ambas", disse.
O governo brasileiro ainda mandou um recado de que um acordo precisa existir dentro do arcabouço da ONU e defendeu a diplomacia.
Num trecho que foi interpretado como uma crítica às práticas de Trump, Danese indicou que a Carta das Nações Unidas e padrões de processos negociadores devem guiar os trabalhos.
Para ele, a solução é "mais diplomacia". "A ONU é o fórum apropriado para reunir as partes, facilitar um acordo e colocar fim à brutalidade da guerra", completou Danese.
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