Em reação a Trump, Brasil anuncia defesa da ciência e leis globais na COP30

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O presidente da COP30 (Conferência do Clima da ONU), André Corrêa do Lago, afirmou em Nova York que a defesa do multilateralismo e da ciência estarão entre as prioridades do Brasil no comando do evento e das negociações. Sem citar nominalmente o presidente americano Donald Trump, seu discurso foi interpretado como uma contraposição à postura do novo governo americano, acusado por ambientalistas de ser negacionista e de tentar descarrilhar a agenda climática global.
Nesta quarta-feira, num discurso na Assembleia Geral da ONU que marcou o início dos trabalhos diplomáticos do Brasil como presidente da COP30, o embaixador convocou governos de todo o mundo a agir. Diante dos temas introduzidos por Trump na agenda global, ele ainda fez um apelo pela cooperação internacional.
Apesar de o encontro ter durado três horas e de ter contado com dezenas de governos, não houve qualquer manifestação por parte da delegação americana na ONU.
O embaixador, na próxima semana, ainda publicará sua primeira carta aos governos, delineando os trabalhos e as prioridades para 2025.
Mas a organização da COP30, que ocorrerá no final do ano em Belém, já é abalada pelo governo de Donald Trump. Os EUA deixaram o Acordo de Paris e promoveram um terremoto na política internacional, o que está obrigando o Brasil a adiar o anúncio de seu programa para o evento e eventualmente adaptá-lo diante das "novas circunstâncias".
Ciência e multilateralismo: prioridades
A nova situação levou Brasília a iniciar consultas diplomáticas para coletar opiniões e posições de governos em todo o mundo, em um cenário inesperado de ruptura internacional criado pela Casa Branca.
Em seu discurso, o embaixador fez uma defesa do multilateralismo e também deixou claro que a "defesa da ciência será a prioridade".
O brasileiro ainda lembrou da criação do IPCC. "Os líderes ouviram os alertas da ciência", insistiu. "Entramos em 2025 com a lamentável constatação de que 2024 foi o ano mais quente", disse. Ele destacou como o ano também foi o primeiro a registrar uma elevação 1,5 grau acima da média da era pré-industrial.
"Vivemos a urgência global. Não é mais um tema da ciência ou das negociações", disse Correa do Lago. "Ela chegou às nossas portas e vidas", alertou.
Correa do Lago saiu em defesa de instituições e acordos. Na noite anterior, Trump foi aplaudido efusivamente ao dizer ao Congresso que havia abandonado os tratados internacionais e que iria promover uma "desregulação ambiental".
Na contramão do governo americano, o presidente da COP30 ainda insistiu que "não há futuro" sem a cooperação entre os governos.
O encontro ainda foi marcado pela defesa do Acordo de Paris, atacado pelos EUA. A UE classificou o tratado como "o melhor caminho". O G77, grupo de países em desenvolvimento, também insistiu sobre a preservação do pacto. Mas cobrou das economias ricas recursos para permitir que haja uma transição energética.
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