Jamil Chade

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Reportagem

Aliados mais radicais sugerem a Bolsonaro pedir asilo na embaixada dos EUA

O anúncio de Eduardo Bolsonaro de que está tirando uma licença como deputado para supostamente lutar pela democracia no Brasil foi permeado por desinformação, foragidos da Justiça e até a recomendação para que seu pai - o ex-presidente indiciado por golpe de Estado - se esconda na embaixada dos EUA em Brasília.

Nesta terça-feira, depois de anunciar que não voltará ao Brasil, supostamente temendo a perda de seu passaporte, o deputado licenciado participou de uma entrevista com jornalistas e influenciadores. No estúdio, a presença de uma bandeira da monarquia e Allan dos Santos, investigado por disseminação de desinformação.

Horas depois, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, se manifestou ao STF (Supremo Tribunal Federal) contra o pedido do PT para apreender o passaporte do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Gonet considerou que os petistas não têm "elementos informativos mínimos" para justificar sua acusação de que o deputado estaria atentando contra a soberania nacional em suas articulações no exterior.

Mas, repleta de desinformação e ataques contra a democracia no Brasil, a entrevista com Eduardo Bolsonaro ganhou um tom de uma "suposta" resistência ao comparar a situação política nacional à crise na Venezuela. Omitindo informações sobre as investidas contra as instituições feitas por bolsonaristas, o grupo se dedicou a mostrar o que julgam ser "injustiças" por parte do STF.

Num certo momento, uma postagem do jornalista Rodrigo Constantino foi lida para Eduardo Bolsonaro.

"Acho que Eduardo fez o certo ao ficar nos EUA e acho que seu pai deveria buscar abrigo na embaixada americana. É uma DITADURA. Fazer política normal é aceitar a falsa premissa de que há qualquer espaço para normalidade hoje. Não há. E toda resistência precisa de exilados", escreveu o jornalista aliado ao bolsonarismo.

O deputado Nikolas Ferreira foi às redes sociais repostar a mensagem de Constantino, sugerindo o asilo na embaixada dos EUA.

"Me lembro que na campanha eu dizia o seguinte: se a gente perder é triste, mas se o Bolsonaro perder é uma tragédia. A situação no Brasil é anormal e tirânica. Que Deus nos guie e nos fortaleça. Força, @BolsonaroSP", escreveu o deputado mineiro.

Procurado, o governo Trump se recusou a comentar a situação de Eduardo Bolsonaro e silenciou ao ser questionado sobre a avaliação que fazia do caso do deputado licenciado.

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Por meio da assessoria de Imprensa da Embaixada dos Estados Unidos, Washington se limitou a dizer que, "por política do governo dos Estados Unidos, não comentamos sobre casos individuais de visto".

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.