'Farei oração', disse vice de Trump durante ataque ao Iêmen; veja conversas

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A revista The Atlantic publicou hoje a conversa completa de um grupo da elite do comando militar americano, ampliando a crise envolvendo o governo de Donald Trump. Nesta semana, foi revelado que o editor da revista havia sido incluído por erro num grupo no Signal, enquanto os EUA atacavam o Iêmen.
O secretário de defesa, Pete Hegseth, garantiu que "ninguém estava enviando mensagens de texto com planos de guerra. E isso é tudo o que tenho a dizer sobre isso".
Em uma audiência no Senado ontem, a diretora de inteligência nacional, Tulsi Gabbard, e o diretor da Agência Central de Inteligência, John Ratcliffe, também insistiram na versão de que não foram compartilhados segredos militares pelos celulares.
Mas, segundo a transcrição, Hegseth publicou o horário em que os caças americanos decolariam para os ataques e avisou aos demais participantes do grupo o que ocorreria nas horas seguintes. No aplicativo, os membros que tinham sido incluídos na conversa receberam a informação duas horas antes dos ataques, incluindo o jornalista.
Nas redes sociais, Karoline Leavitt, secretária de imprensa da Casa Branca, correu para afirmar que a revista "admitiu: esses NÃO eram 'planos de guerra'". "Toda essa história foi mais uma farsa escrita por um odiador de Trump que é conhecido por seu sensacionalismo", disse.
Ainda que não seja o plano de guerra completo, a versão da Casa Branca destoa do que está sendo revelado, com uma linha do tempo dos ataques.
As revelações devem fortalecer o pedido de democratas do Congresso pela renúncia de Hegseth e Michael Waltz, o assessor de segurança nacional que teria, sem querer, colocado o editor da revista para dentro do grupo. Se vazadas, as informações teriam permitido que os grupos no Iêmen pudessem ter escapado ou que os pilotos americanos fossem abatidos.
Também chamou a atenção que a referência de Hegseth à OPSEC - uma sigla sobre a segurança operacional. Na prática, isso seria um reconhecimento de que ele admitia que se tratava de informações sob sigilo.
Goldberg recebeu informações sobre os ataques duas horas antes do início programado do bombardeio das posições Houthi. Se essas informações - especialmente os horários exatos em que as aeronaves americanas estavam decolando para o Iêmen - tivessem caído em mãos erradas nesse período crucial de duas horas, os pilotos americanos e outros funcionários americanos poderiam ter sido expostos a um perigo ainda maior do que normalmente enfrentariam
Revista The Atlantic
Pouco depois, o vice-presidente J. D. Vance enviou uma mensagem de texto ao grupo: "Farei uma oração pela vitória".
Às 13h48, Waltz então enviou o seguinte texto, contendo informações em tempo real sobre as condições em um local de ataque, aparentemente em Sanaa: "VP. O prédio desabou. Tivemos várias identificações positivas. Pete, Kurilla, o IC, trabalho incrível". Waltz estava se referindo a Hegseth, ao general Michael E. Kurilla, comandante do Comando Central, e à comunidade de inteligência.
"Vance respondeu um minuto depois: "Excelente." Trinta e cinco minutos depois, Ratcliffe, o diretor da CIA, escreveu: "Um bom começo", que Waltz seguiu com um texto contendo um emoji de punho, um emoji de bandeira americana e um emoji de fogo", explicou a revista.
O Ministério da Saúde do Iêmen, dirigido pelos houthis, informou que pelo menos 53 pessoas foram mortas nos ataques.
O que também dizem as mensagens:
O secretário de Defesa escreveu, momentos antes e durante os ataques, detalhes da operação com ataques aéreos de F/A-18F Super Hornets da Marinha, lançados do porta-aviões Harry S. Truman no Mar Vermelho, e drones MQ-9 Reaper voando de bases terrestres no Oriente Médio.
"1215et: F-18s LANÇAM (1º pacote de ataque)", escreveu Hegseth no bate-papo. "1345: Começa a janela de ataque dos F-18 com base em gatilho (o terrorista alvo está em seu local conhecido, portanto DEVE ESTAR NA HORA - além disso, os drones de ataque são lançados (MQ-9s)."
"1410: Mais F-18s LANÇAM (2º pacote de ataque)"
"1536: F-18 2nd Strike Starts - também são lançados os primeiros Tomahawks baseados no mar."
"Que Deus abençoe nossos guerreiros", concluiu.
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