Batalhão da PM é denunciado às Nações Unidas por ato neonazista

Ler resumo da notícia
O Conselho Nacional de Direitos Humanos acionou a relatoria especial da ONU sobre o neonazismo para denunciar a celebração do 9º Batalhão de Ações Especiais de Polícia (Baep) de São José do Rio Preto (SP).
A denúncia foi encaminhada à relatora especial Ashwini K.P., que neste momento elabora um informe para ser submetido ao Conselho de Direitos Humanos da ONU.
De acordo com o documento, obtido pelo UOL, em 15 de abril de 2025 foi postado um vídeo no Instagram, por meio do perfil oficial do 9º Batalhão de Ações Especiais de Polícia (Baep), de São José do Rio Preto, com policiais militares "queimando cruzes e fazendo gestos com um tom que lembra os rituais de grupos supremacistas, como a Ku Klux Klan, nos Estados Unidos".
"O vídeo foi excluído da rede social poucos minutos depois. No entanto, foi o suficiente para alcançar grande repercussão na mídia, dada a associação do ato com práticas supremacistas e a presença de agentes públicos do estado de São Paulo", apontou.
Citando reportagem do UOL, o documento do conselho explica que a publicação mostra mais de dez policiais ao redor de uma cruz em chamas.
"Os policiais levantam os braços até a altura dos ombros enquanto a cruz queima", diz. "Além da cruz em chamas, há um rastro marcado pela fumaça de sinalizadores vermelhos e a sigla Baep ao fundo", disse.
"Na filmagem aérea, oficiais, veículos e emblemas corporativos são exibidos. Não é possível identificar o local do tiroteio, mas está claro que ocorreu à noite. A página do Baep de São José do Rio Preto, que se diz oficial, ainda não se manifestou publicamente sobre o conteúdo da postagem", destacou.
No documento, o conselho aponta que, "diante do exposto, fica claro que, além da função institucional de preservação da ordem pública e policiamento ostensivo prevista na Constituição Federal da República Federativa do Brasil, a polícia militar tem como valores fundamentais a dignidade da pessoa humana, o respeito aos direitos e garantias previstos na Constituição, por meio da proteção, promoção e respeito aos direitos humanos".
Para o conselho, "o que é mostrado no vídeo representa um total desrespeito à lei e aos direitos humanos, principalmente porque os policiais estão fardados e várias representações da corporação aparecem no vídeo, associando a prática supremacista ao corpo institucional da Polícia Militar".
"Assim, há uma necessidade urgente de políticas públicas para combater o crescimento do neonazismo no Brasil, de modo que a sociedade civil não apenas se mobilize e lute contra essa questão, mas também dentro de instituições e órgãos governamentais", defendeu o Conselho.
No documento, o órgão pediu que a relatoria da ONU cobre do Brasil a necessidade de "formular uma Política Nacional de Combate aos Atos Neonazistas, envolvendo todas as esferas de governo e com a adoção de ações nacionalmente articuladas que prevejam o enfrentamento desse movimento no campo da segurança pública, da cultura e da educação".
O Conselho conta com a Relatoria Especial de Enfrentamento ao Discurso de Ódio e Atos Neonazistas no Brasil, de responsabilidade do conselheiro Carlos Nicodemos, e é presidido por Charlene Borges.
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.