Jamil Chade

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Reportagem

Pressionado, Trump deve anunciar alívio de tarifas para setor automotivo

O presidente Donald Trump marcará os seus 100 primeiros dias de governo com um ato que tem se repetido com uma frequência cada vez maior: ceder diante de suas promessas de campanha, principalmente no setor de política comercial.

Hoje, ele usará um discurso em Michigan para indicar que algumas tarifas sobre o setor automotivo serão retiradas, o que foi comemorado por montadoras americanas. Detroit, a maior cidade do estado, é a principal sede da indústria automotiva dos EUA, com mais de mil empresas atendendo às maiores fabricantes de carros.

Em sua nova ação, a Casa Branca indicará que companhias do setor automotivo que já pagam tarifas sobre veículos importados não serão cobradas também por outros impostos, como o do aço e alumínio.

Ainda em março, Trump anunciou tarifas de 25% sobre todos os veículos importados e outros 25% sobre o setor de siderúrgico, com um forte impacto sobre as vendas de aço do Brasil.

Essas montadoras também poderão ficar isentas do pagamento de tarifas para autopeças, que foram elevadas em 25%. Mais uma vez, isso acabou afetando as exportações de peças do Brasil para o mercado americano, avaliadas em mais de US$ 1,1 bilhão.

Com taxas em aço, em autopeças e nos carros importados, o resultado foi o encarecimento dos custos de produção. As montadoras americanas protestaram, alertando que as medidas gerariam inflação e uma queda nas vendas de um dos setores mais estratégicos da economia americana.

Sem saber quais seriam os impactos da política comercial de Trump, empresas como a General Motors abandonaram as previsões de vendas e lucros para o ano.

Jim Farley, CEO da Ford, disse que as novas mudanças de rumo por parte de Trump "ajudarão a mitigar o impacto das tarifas sobre as montadoras, fornecedores e consumidores".

A notícia da reviravolta foi confirmada pelo secretário de Comércio, Howard Lutnick. O governo também confirmou que as medidas serão retroativas, num gesto raro em política comercial. Ou seja, empresas que pagaram impostos extras desde março terão de ser reembolsadas.

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Com sua popularidade em queda, a iniciativa desfaz as promessas de Trump de que não abriria mão de tarifas, considerada por ele como "uma das palavras mais lindas do dicionário". Mais recentemente, ele tem justificado sua decisão de ceder à pressão, justificando que se trata apenas de um gesto de "flexibilidade".

Em abril, dias depois de anunciar tarifas para mais de 180 países, Trump suspendeu por 90 dias as taxas e passou a aplicar apenas uma barreira de 10%, salvo no caso da China.

Trump, que havia prometido que os americanos ficariam "ricos" com as tarifas, mudou radicalmente seu discurso e passou a defender que acordos fossem estabelecidos com países em todo o mundo.

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