Jamil Chade

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Opinião

Com síndrome de rei, Trump organizará desfile militar em seu aniversário

O presidente dos EUA, Donald Trump, quebra um tabu e irá organizar um desfile militar. O evento, marcado para Washington DC, oficialmente ocorrerá para a celebração dos 250 anos da criação do Exército dos EUA. Mas coincide com o próprio aniversário de 79 anos do presidente.

Trump, ainda em seu primeiro mandato, teria ficado impressionado com o desfile militar organizado para o dia da Revolução Francesa, 14 de julho, em Paris. Na ocasião, chegou a questionar o motivo de nada disso existir nos EUA e pediu que um orçamento fosse realizado.

A estimativa, na época, indicava que a festa poderia custar US$ 92 milhões e acabou sendo adiada. A pandemia da covid-19 enterrou de vez o projeto.

Agora, em seu primeiro ano de volta ao poder, o governo Trump anuncia que o desfile será realizado no dia 14 de junho. Sairão da sede do Pentágono 150 veículos, 50 helicópteros, sete bandas militares, quase 7 mil soldados e outros grupos.

O gesto é típico de regimes autoritários, que marcam datas relacionadas aos ditadores como desfiles que simbolizam seu poder bélico.

Numa guinada nacionalista, o presidente determinou ainda que escolas retirem de seus currículos conteúdos que possam minar o patriotismo ou que questionem uma versão "higienizada" da história da origem do país. Isso significa, na prática, a retirada de material que denuncie o racismo estrutural na sociedade americana. "Vamos fazer nossas crianças amarem o país de novo", afirmou Stephan Miller, um dos principais conselheiros de Trump.

Nesse contexto, o desfile vai insistir em homenagear "os soldados que lutaram pela liberdade" em várias partes do mundo, incluindo Vietnã e Iraque. Outro destaque será o "heroísmo" dos militares americanos, num esforço de ressignificar a versão da história nem sempre gentil com a ação dos EUA pelo mundo.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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