Flávio diz que não tratou de sanção ao STF com funcionário de Trump

Ler resumo da notícia
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou que não tratou de sanções contra o STF (Supremo Tribunal Federal) com um assessor do Departamento de Estado norte-americano. O governo de Donald Trump destacou Ricardo Pita para se reunir como o senador, em Brasília. Nascido na Venezuela e sem experiência prévia na diplomacia americana, o assessor faz parte da delegação americana que chegou ao Brasil para discutir temas como segurança e crime organizado.
Mas o chefe da delegação americana, David Gamble, não esteve com o senador, que apenas se reuniu com o que é considerado em Washington como terceiro escalão do Departamento de Estado. Pita, antes de entrar para o governo, em janeiro de 2025, foi assistente do senador republicano Ted Cruz.
Na sexta-feira, o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro anunciou que Gamble viajaria ao Brasil com a pauta das sanções contra o ministro Alexandre de Moraes como foco.
No domingo, o UOL revelou que a embaixada americana em Brasília tinha outra versão. Num comunicado oficial, a diplomacia dos EUA afirmou que:
"O Departamento de Estado dos Estados Unidos enviará uma delegação a Brasília, chefiada por David Gamble, chefe interino da Coordenação de Sanções. Ele participará de uma série de reuniões bilaterais sobre organizações criminosas transnacionais e discutirá os programas de sanções dos EUA voltados ao combate ao terrorismo e ao tráfico de drogas".
Na nota, não havia qualquer referência a um suposto objetivo de falar sobre sanções contra Moraes.
Eduardo também omitiu o fato de que a delegação viajava para reuniões com o próprio governo Lula e que terá encontros com o Itamaraty e com o Ministério da Justiça.
Ainda assim, o governo brasileiro consultou o Departamento de Estado para entender qual era o objetivo da viagem. O temor era de que a ala mais radical do governo americano usasse a ida ao Brasil para alimentar o apoio de Trump a Bolsonaro.
Nesta segunda-feira, de fato, uma reunião foi realizada entre Flávio Bolsonaro e a delegação americana. Mas o próprio senador disse que não discutiu a questão das sanções contra o STF. "Não foi tratado", afirmou, ao terminar o encontro. Segundo ele, "quem trata desse tema é o Eduardo".
O senador ainda confirmou que a reunião foi mantida apenas com Pita, sem a presença de Gamble.
No encontro, o filho do ex-presidente indicou ter falado sobre a necessidade de combater o crime organizado e que quer ir a Washington para apresentar os dados relacionados ao Brasil, inclusive de vinculação de grupos nacionais com o financiamento ao Hezbollah.
O senador também indicou que quer conseguir enquadrar o crime organizado no Brasil como terrorismo, medida que já foi adotada pelos EUA contra outras gangues.
Em 2023, nas redes sociais, Pita postou uma declaração de Ted Cruz criticando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"O Brasil está proibindo o X por um motivo: suprimir a liberdade de expressão e de pensamento. Não é de se surpreender que Lula apoie essa decisão, pois ele também busca proibir a liberdade de expressão e de pensamento", escreveu Cruz, numa mensagem usada por Pita.
Fontes em Brasília indicam que ainda pode ocorrer um encontro, nesta semana, com o deputado Filipe Barros (PL-PR), envolvendo toda a delegação americana.
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.