Conservadores dos EUA e aliados de Trump atacam papa americano: 'Marxista'
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A escolha de Robert Prevost para ocupar o cargo de pontífice gerou uma onda de ataques por parte de aliados de Donald Trump. O primeiro papa americano da história foi alvo de críticas por ser considerado pelo movimento ultraconservador como "marxista" e "liberal".
Na quinta-feira, o conclave foi concluído com a escolha do americano nascimento em Chicago para substituir Francisco. Ainda que mais moderado que o argentino em questões dogmáticas, Leão 14 foi um dos principais aliados do movimento de reformas da Santa Sé e insistiu sobre a necessidade de que a Igreja adotasse uma postura missionária, de defesa dos pobres.
Imediatamente, o presidente Donald Trump foi às redes sociais para, diplomaticamente, comemorar a eleição de um americano. Mas não foi essa a reação do movimento MAGA (Make America Great Again).
Laura Loomer, que tem aconselhado Trump em temas de segurança nacional e é conhecida por difundir teorias conspiratórias, foi uma das que deixou evidenciado o mal-estar. Nas redes sociais, ela acusou Prevost de "marxista" e de defender a ideologia "woke". "Mais um fantoche marxista no Vaticano", disse. "Não há nada de bom para os católicos no horizonte", disse.
Dias antes do conclave, Steve Bannon, ex-estrategista de Trump e figura aliada ao bolsonarismo, alertou que Prevost seria "infelizmente um dos mais progressistas". "Azarão", insistiu.
Joey Mannarino, um influenciador do movimento MAGA, foi outro que atacou o novo papa. "Esse é pior que Francisco", escreveu nas redes sociais. "Pedaço de merda", atacou. "Estamos ferrados", completou.
Outro nome relevante do movimento ultraconservador de Trump, Vince Langman, alertou que o americano foi escolhid por ser um "nunca-Trump".
Megyn Kelly, comentarista de extrema direita e próxima do movimento conservador de Trump, alertou sobre o fato de o novo papa ser relativamente jovem, o que lhe dará duas décadas para fazer as reformas no Vaticano.
Sean Davis, fundador do website ultraconservador The Federalist, afirmou que o novo papa "nasceu nos EUA". Mas teme que seja um esquerdista" e que use o Vaticano para "conter o avanço do populismo nacional e de Trump". Ele também alertou sobre a promoção de ideais "globalistas".
No site CatholicVote, fundado pelo embaixador de Trump no Vaticano, os leitores lamentavam a escolha do novo papa, mesmo sendo americano. "Mais um liberal", dizia uma das leitoras. "Quando é que vamos sair dessa?", completava outra.
No movimento de extrema direita, a esperança era de que o conclave colocasse fim à visão implementada por Francisco. Mas a escolha não foi na direção que esperavam.
Para ampliar as críticas, grupos ultraconservadores destacaram postagens e comentários do novo papa que, ao longo dos anos, saiu em defesa de imigrantes, de uma consciência ambiental e com críticas ao racismo, diante da morte de George Floyd.
"O papa divulgou propaganda sobre Floyd", se queixou Charlie Kirk.
Diplomatas admitiram ao UOL que existe uma chance real de um choque "quase imediato" entre Trump e o novo papa.
Prevost, quando ainda era cardeal, criticou nas redes sociais as políticas migratórias da Casa Branca e ajudou a difundir uma carta do papa Francisco aos bispos americanos. Nela, o argentino destaca como a política de deportação era contrária aos preceitos cristãos.
"Se Trump queria um americano no Vaticano para ajudar a chancelar sua política, a escolha não poderia ter sido mais delicada", indicou um antigo embaixador na Santa Sé, que pediu para não ser identificado.
Para ele, os católicos americanos poderão viver uma encruzilhada: ou seguem as orientações de seu papa americano ou de seu presidente.
Nos EUA, o voto católico foi fundamental para a vitória de Trump. 62% desse segmento da população votou pelo republicano.
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