Jamil Chade

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Reportagem

Índia e Paquistão confirmam cessar-fogo; Trump diz que EUA mediaram

Índia e Paquistão confirmaram hoje um cessar-fogo, após Donald Trump anunciar pelas redes sociais que os países haviam chegado a um acordo.

Segundo o americano, o cessar-fogo é "completo e imediato".

Pelo menos 66 pessoas morreram em uma nova escalada de conflitos entre os dois países, de acordo com cálculos da agência de notícias Reuters.

Após uma longa noite de conversações mediadas pelos Estados Unidos, tenho o prazer de anunciar que a Índia e o Paquistão concordaram com um Cessar-fogo COMPLETO E IMEDIATO. Parabéns a ambos os países por usarem o bom senso e a grande inteligência. Obrigado por sua atenção a esse assunto!
Donald Trump, presidente dos Estados Unidos

O Paquistão e a Índia concordaram com um cessar-fogo com efeito imediato. O Paquistão sempre lutou pela paz e segurança na região, sem comprometer sua soberania e integridade territorial.
Ishaq Dar, ministro das Relações Exteriores do Paquistão

O diretor geral de operações militares do Paquistão ligou para o diretor geral de operações militares da Índia às 15h35, no início desta tarde. Foi acordado entre eles que ambos os lados parariam todos os combates e ações militares em terra, no ar e no mar a partir das 17:00, horário padrão indiano, de hoje.
Governo indiano, em comunicado

Entenda a crise entre Índia e Paquistão

Nos últimos dias, Índia e Paquistão, duas potências nucleares, entraram em conflito, gerando um alerta sobre a deflagração de uma guerra. A disputa pela região de Caxemira está no centro da crise e ambos os lados se dizem vítimas de ataques do outro lado.

Um ataque em 22 de abril em Pahalgam, na Caxemira administrada pela Índia, matou 26 pessoas — quase todas hindus — e desencadeou a atual onda de violência. Para os países do G7, a nova escalada ameaçava a estabilidade regional.

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Em 7 de maio, a Índia respondeu e lançou uma onda de mísseis contra o Paquistão. A ofensiva atingiu seis cidades e matou pelo menos 31 pessoas - incluindo duas crianças. Nos dias seguintes, drones indianos atingiram as principais cidades e instalações militares paquistanesas.

Uma guerra de narrativas também se instalou. A Índia insistiu que seus mísseis atingiram apenas a "infraestrutura terrorista". Mas o Paquistão fala que civis foram mortos.

Na manhã deste sábado, momentos antes do anúncio por parte dos americanos, Índia e Paquistão haviam trocado tiros. De acordo com as autoridades paquistanesas, pelo menos 13 civis foram mortos e outros 50 foram feridos na região em 12 horas, até o meio-dia local de sábado.

A crise é uma herança ainda da disputa pela divisão do subcontinente indiano, em 1947. A questão do destino da região do Himalaia, de maioria muçulmana, a Caxemira, passou a ser um ponto de discórdia entre a Índia e o recém criado Paquistão.

O governo da Caxemira inicialmente buscou a independência. Mas em outubro de 1947, a primeira guerra estourou paquistaneses invadiram o território. O monarca da Caxemira pediu ajuda à Índia. Nova Déli colocou uma condição: ajudaria, caso a região passasse a ser indiana. Um ano depois, o território seria dividido entre Paquistão e Índia. Mas o acordo jamais conseguiu encerrar a crise e acusações mútuas permearam décadas de violência e ataques.

Secretário de Estado dos EUA diz ter mediado

O secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, afirmou nas redes sociais e numa declaração de seu gabinete que, nas últimas 48 horas, ele e o vice-presidente dos EUA JD Vance teriam sido os principais mediadores do cessar-fogo.

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"Vance e eu nos reunimos com altos funcionários indianos e paquistaneses, incluindo os primeiros-ministros Narendra Modi e Shehbaz Sharif, o ministro das Relações Exteriores Subrahmanyam Jaishankar, o chefe do Estado-Maior do Exército Asim Munir e os conselheiros de segurança nacional Ajit Doval e Asim Malik", escreveu.

"Tenho o prazer de anunciar que os governos da Índia e do Paquistão concordaram com um cessar-fogo imediato e com o início de conversações sobre um amplo conjunto de questões em um local neutro", disse Rubio.

"Elogiamos os primeiros-ministros Modi e Sharif por sua sabedoria, prudência e espírito de Estado ao escolherem o caminho da paz", completou Rubio.

O governo da Índia negou a informação de Rubio de que a conversa ocorreria num local neutro. O comandante da Marinha indiana, Raghu R Nair, disse que as forças armadas vão aderir ao entendimento alcançado sobre o cessar-fogo. Mas alertou que os militares "permanecerão totalmente preparados, sempre vigilantes e comprometidos com a defesa da soberania e da integridade da pátria".

Acordo sobre água continua suspenso

Apesar do cessar-fogo, o governo da Índia anunciou que o Tratado das Águas do Indo entre os dois países continua suspenso. O acordo de 1960 é fundamental para a sobrevivência de centenas de cidades paquistanesas e determina o compartilhamento da água do rio Indo. Mas a Índia se retirou do tratado no mês passado, após o ataque na Caxemira que desencadeou a crise mais recente.

Reportagem

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