Jamil Chade

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Ativistas pedem que polícia imigratória que prendeu brasileira deixe cidade

Manifestantes e ativistas se reuniram neste domingo (11) na cidade de Worcester, nos EUA, para protestar contra a prisão de uma brasileira que estava vivendo de forma irregular na cidade, e a separação dela das filhas, ocorrida em 8 de maio.

O caso ganhou repercussão depois que vídeos mostraram a violência usada pela polícia e o desespero da família.

O ato ocorreu no dia Dia das Mães, com um pedido para que a polícia de imigração de Donald Trump, chamada ICE, deixe a cidade.

Um a um, representantes de diferentes grupos tomaram o microfone para denunciar o governo do republicano. "Quando nossas mães imigrantes estão sob ataque, o que fazemos? Nós levantamos e lutamos", apelou uma das pessoas que discursava.

Cerca de 200 pessoas participaram. Os manifestantes entoaram cantos como "Não temos reis", em uma referência crítica a Trump. "Estamos aqui para frear a tirania", gritaram.

Um dos pedidos do grupo de manifestante era que a polícia local não cooperasse com o ICE. "As autoridades precisam tomar uma decisão: servem ao Estado ou à população?", questionou uma das organizadoras.

Após prisão de brasileira, comunidade de Worcester faz protesto contra presença de política de imigração de Trump
Após prisão de brasileira, comunidade de Worcester faz protesto contra presença de política de imigração de Trump Imagem: Kayli Jean

O que aconteceu

Na quinta-feira, a prisão da brasileira e a separação de uma família por parte das autoridades migratórias geraram tensão e violência em Worcester.

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Segundo relatos de vizinhos, a violência ocorreu depois que a brasileira foi retirada de seu veículo e presa pelo ICE. No carro estavam duas filhas da brasileira: uma adolescente e um bebê de dois meses.

Pelos vídeos enviados pela comunidade ao UOL, a brasileira tentou sair do carro e foi agarrada pelos policiais. Instantes depois, cerca de 25 pessoas que estavam na rua cercaram os agentes federais em protesto.

A filha da mulher brasileira tentou impedir que sua mãe fosse levada. Com o bebê no colo, tentou barrar o carro dos agentes.

A adolescente aceitou entregar o bebê a uma pessoa da comunidade. Mas, ao correr uma vez mais para tentar impedir que a mãe fosse levada, ela foi jogada ao chão e seu rosto foi pressionado ao asfalto pela polícia. Foi presa e liberada, horas depois.

Os vizinhos também tentaram evitar que a família fosse separada.

A reação da comunidade revelou a tensão que a ofensiva do governo Trump contra a imigração tem gerado.

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Em relatos na imprensa local, os vizinhos explicaram que a indignação ocorreu por conta da recusa por parte da polícia em mostrar uma ordem judicial para a prisão da brasileira.

A filha da brasileira presa acabou sendo presa, sob a acusação de colocar uma criança em perigo, perturbar a paz, conduta desordeira e resistência à prisão.

Itamaraty acionado

Após a publicação das imagens pelo UOL, a deputada federal Duda Salabert anunciou em suas redes sociais que acionou o Itamaraty para garantir que os brasileiros tenham um acompanhamento por parte do governo.

"As imagens são revoltantes. Uma MÃE, brasileira, foi arrancada do carro e presa com brutalidade para ser deportada em Massachusetts, sob ordens da política migratória de Trump", disse.

"Sua filha, de 16 anos, foi ao chão com um bebê no colo. Famílias estão sendo separadas. Já são mais de 50 prisões desde domingo e centenas de relatos de perseguição a imigrantes, segundo uma organização de apoio local", afirmou.

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"Acionei o Itamaraty para que o caso seja acompanhado de perto. O Brasil precisa proteger seus cidadãos. Não podemos normalizar a violência e o racismo contra imigrantes", completou.

O que diz o governo Trump

O Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos divulgou uma declaração na qual acusa a mulher de "agressão com arma perigosa e agressão a uma vítima grávida". Não há qualquer explicação sobre quando as citadas agressões teriam ocorrido e se estava relacionado ao momento da operação.

O governo indicou que Ferreira de Oliveira havia entrado ilegalmente no país em agosto de 2022 e usou seu caso para denunciar "as políticas de fronteira aberta do governo anterior".

Na declaração, o governo também acusou a vereadora Etel Haxhiaj, que protestou diante da violência do ato. Segundo as autoridades federais, ela teria "usado" o caso para fazer "uma manobra política" e disse que ela havia "incitado o caos ao tentar obstruir a aplicação da lei".

"Os agentes do ICE e a polícia local recuperaram o controle da situação e o ICE prendeu Ferreira de Oliveira", insistiu.

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O governo Trump ainda usou a crise para alertar aos pais que estão vivendo de forma irregular nos EUA que optem pela deportação voluntária, antes que casos como a da separação da família da brasileira se repitam.

Eis a declaração completa do governo americano:

"O alvo dessa operação do ICE era uma estrangeira ilegal criminosa e violenta, Ferreira de Oliveira. Ela foi presa pela polícia local por agressão e agressão com uma arma perigosa a uma vítima grávida. A conselheira distrital da cidade de Worcester, Haxhiaj, fez uma manobra política e incitou o caos ao tentar obstruir a aplicação da lei. Os agentes do ICE e a polícia local recuperaram o controle da situação e o ICE prendeu Ferreira de Oliveira. As políticas de fronteira aberta do governo anterior permitiram que essa criminosa entrasse ilegalmente em nosso país em agosto de 2022. Graças ao Presidente Trump e à Secretária Noem, essa criminosa está fora de nossas ruas.

"Os pais que estão aqui ilegalmente podem assumir o controle de sua saída. Por meio do CBP Home App, o governo Trump está dando aos pais que estão ilegalmente no país a chance de assumir o controle total de sua saída e se auto-deportar, com a capacidade potencial de retornar da maneira legal e correta e voltar a viver o sonho americano."

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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