Lula telefona para Putin e pede que russo vá ao encontro com Zelensky
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva telefonou ao presidente Vladimir Putin e pediu que o russo compareça à reunião marcada para esta quinta-feira com as autoridades ucranianas, na Turquia.
Volodymyr Zelensky já confirmou que irá ao encontro que, se confirmado, será o primeiro entre os dois líderes desde o início da invasão russa.
Mas existem dúvidas sobre a presença de Putin. Nos últimos dias, as autoridades de Kiev pediram que a diplomacia brasileira usasse seus canais com o Kremlin para também convencer o russo a se deslocar até a Turquia.
Numa lista publicada pelo Kremlin nesta quarta-feira com os nomes dos integrantes da delegação que viaja para a Turquia, Putin não está incluído. No total, oito pessoas foram designadas por Moscou para a reunião.
Por meses, Brasil e China vem trabalhando para que a possibilidade de um encontro fosse realizado. Mas tanto Kiev como Moscou rejeitavam a ideia. A pressão de Donald Trump sobre Zelensky, porém, mudou o cenário.
Numa nota, o governo brasileiro confirmou o telefonema e o pedido de Lula para Putin. A ligação, segundo o Kremlin, ocorreu enquanto o avião de Lula fazia uma parada técnica em Moscou, retornando da China ao Brasil.
"O presidente Lula conversou hoje à tarde por telefone com o Presidente Vladimir Putin. Na ocasião, felicitou o seu homólogo russo pela proposta de abertura de negociação com a Ucrânia pela paz", disse o Planalto.
"Além disso, relatou a conversa bilateral com o Presidente chinês Xi Jinping, que resultou em declaração conjunta Brasil-China, reiterando a disposição do Grupo de Amigos da Paz e de países do Sul Global em cooperar para o fim do conflito", afirmou.
"O presidente brasileiro estimulou o presidente russo a comparecer à reunião de negociação entre Rússia e Ucrânia marcada para ocorrer em Istambul, nesta quinta-feira, 15 de maio, reconhecendo que a composição das delegações de negociadores é uma prerrogativa soberana dos chefes de Estado", indicou.
"Por fim, enfatizou o compromisso do Brasil com a paz e se colocou, mais uma vez, à disposição para colaborar no que for necessário na busca de entendimento entre a Rússia e a Ucrânia", completou.
O que disse o Kremlin
Num comunicado separado, o governo russo detalhou a ligação de uma forma diferente.
"Luiz Inácio Lula da Silva compartilhou suas impressões sobre sua visita à China, dando especial atenção à Declaração Conjunta bilateral adotada em Pequim em apoio à iniciativa do Presidente da Rússia de retomar as negociações diretas russo-ucranianas em Istambul, em 15 de maio", afirmou. "O Presidente do Brasil pretende fazer todo o possível para garantir seu sucesso", diz a nota do Kremlin.
"Vladimir Putin expressou gratidão às lideranças do Brasil e da China por seu desejo sincero de contribuir de forma construtiva para encontrar maneiras de resolver o conflito", completou.
Pressão sobre Putin e sobre Zelensky
No sábado, durante uma visita dos líderes da Grã-Bretanha, França, Alemanha e Polônia à capital ucraniana, um apelo foi feito para que um cessar-fogo fosse estabelecido a partir desta segunda-feira, e por um mês.
Como resposta, Putin sugeriu outro caminho: um encontro no dia 15 de maio para iniciar negociações, mas sem uma pré-condição de um cessar-fogo.
Os europeus decidiram estabelecer um ultimato. Se o Kremlin não aceitar o cessar-fogo, novas sanções serão estabelecidas. Inicialmente, o presidente francês, Emmanuel Macron, rejeitou o posicionamento de Putin. Segundo ele, nenhuma conversa seria possível até que o presidente russo concordasse com o cessar-fogo.
"O presidente Zelensky se comprometeu sem estabelecer nenhuma condição. Agora esperamos uma resposta igualmente clara da Rússia. Não pode haver negociações enquanto as armas estiverem falando. Não pode haver diálogo se, ao mesmo tempo, os civis estiverem sendo bombardeados", afirmou o francês, nas redes sociais.
De sua parte, o governo da Ucrânia sinalizou que estava disposta a iniciar o diálogo. Mas colocou uma condição: Moscou deve assinar um cessar-fogo incondicional primeiro.
Volodymyr Zelensky afirmou nas redes sociais: "Não há sentido em continuar a matança nem mesmo por um único dia. Esperamos que a Rússia confirme um cessar-fogo - completo, duradouro e confiável - a partir de amanhã, 12 de maio, e a Ucrânia está pronta para se reunir", disse o presidente da Ucrânia.
Mas uma pressão por parte dos americanos mudou o jogo. Nas redes sociais, Donald Trump fez um apelo: "façam a reunião agora".
Instantes depois, Zelensky disse que estava disposto a ir ao encontro na quinta-feira, com os russos.
O próprio Trump alertou que o encontro na quinta será "muito importante". "Coisas importantes podem sair daquela reunião", disse. "Não subestimem quinta-feira, na Turquia", insistiu.
O presidente americano não descarta ir até a Turquia, para o encontro. "Há uma possibilidade", disse. "Se eu achar que vai ajudar, irei", disse.
Se o encontro estava sendo costurado há semanas, a reunião ficou ameaçada depois de um desentendimento sobre eventuais novas sanções contra Moscou. No início da semana, Putin rejeitou o ultimato dado pelos europeus para que o Kremlin suspenda os ataques contra a Ucrânia. Numa declaração em Moscou, o porta-voz do governo, Dmitry Peskov, qualificou a pressão da UE como "inaceitável".
"A linguagem dos ultimatos é inaceitável para a Rússia, não é apropriada", disse. "Não se pode falar com a Rússia nesse tipo de linguagem", insistiu. Segundo ele, o governo de Putin está 'concentrado em uma busca séria por maneiras de se chegar a um acordo pacífico de longo prazo'. O Kremlin não explicou se Putin estará na reunião com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky.
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