Jamil Chade

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EUA ignoraram autoridades brasileiras em anúncio contra terrorismo no país

O governo dos EUA ignorou as autoridades brasileiras ao lançar uma operação para obter informações sobre grupos terroristas vinculados ao Hezbollah e que poderiam estar atuando no Brasil.

Na segunda-feira, o Departamento de Estado norte-americano anunciou que irá dar uma recompensa de até US$ 10 milhões para quem repassar informações que possam levar ao desmonte de uma suposta estrutura mantida pelo Hezbollah em Brasil, Argentina e Paraguai, em especial na Tríplice Fronteira.

A medida acendeu um alerta em Brasília, principalmente depois que aliados do bolsonarismo passaram a defender a tese promovida pelo governo de Donald Trump que grupos criminosos como o PCC precisariam se tratados como um grupo terrorista.

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) ainda indicou que, em encontros com um representante do Departamento de Estado, alertou sobre a vinculação entre o PCC e o Hezbollah.

O UOL confirmou que ninguém entre os brasileiros foi consultado sobre a operação de recompensa dos EUA.

Internamente, o temor é de que o anúncio da "recompensa" seja o primeiro passo para que o governo Trump declare vínculos entre atividades do grupo terrorista e empresas ou o crime organizado no Brasil. O resultado poderia ser a aplicação de sanções contra o país.

O que gerou estranhamento é que o anúncio americano ocorreu um mês depois da assinatura de um acordo entre as autoridades de Washington a diretoria internacional da Polícia Federal, justamente para a troca de informações sobre temas como crime organizado e combate ao terrorismo.

Ela ainda ocorre uma semana depois de uma missão americana viajar para Brasília para tentar convencer o governo brasileiro a classificar o PCC como um grupo terrorista. O Palácio do Planalto rejeitou a proposta.

Oficialmente, o governo brasileiro manteve silêncio em relação à iniciativa dos americanos na Tríplice Fronteira.

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Na semana passada, em um evento com investidores brasileiros, o representante da Casa Branca para a América Latina, Mauricio Carone, destacou o papel do PCC e alertou que o grupo era uma ameaça "para toda a região, não apenas para o Brasil".

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