Arrependidos: apoio de latinos a Trump desaba, e políticos admitem decepção

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Depois de um apoio inédito de latinos à candidatura de Donald Trump, em 2024, uma pesquisa revela uma reviravolta na comunidade de imigrantes e descentes de estrangeiros. Dados coletados pelo Global Strategy Group indicam queda profunda na popularidade do presidente entre os latinos. Políticos republicanos que representam a comunidade passaram a ser obrigados a admitir que não esperavam a ofensiva Trump contra estrangeiros.
Em fevereiro, 43% dos latinos diziam que apoiavam as políticas de Trump. No final de maio, antes dos distúrbios em Los Angeles, a taxa caiu para 29%. Entre os entrevistados, apenas 19% deles disseram que, sob o novo governo, a economia dos EUA está melhorando, uma promessa de campanha de Trump.
O desabamento do apoio ocorre ao mesmo tempo em que centenas de imigrantes latino-americanos estão sendo detidos e deportados, apesar de viverem por anos nos EUA. Pesquisas realizadas em 2024 apontavam que essa população considerava que não estava ameaçada pelas declarações de Trump e que ele focaria a deportação apenas em criminosos.
Além disso, o levantamento sugere que, na eleição de 2024, os latinos não votaram necessariamente por Trump, mas por uma mudança, principalmente na economia.
Em outra pesquisa realizada pelo Fórum Latino de Opinião Pública, e focado nos venezuelanos na Flórida, a constatação vai no mesmo sentido. O resultado revela uma comunidade polarizada, mas em grande parte descontente com Trump.
Os principais republicanos da Flórida e o secretário de Estado Marco Rubio - ex-senador pelo estado - também foram duramente avaliados. Rubio, filho de cubanos e que hoje conduz a política externa de Trump, é rejeitado por 60% dos entrevistados.
Quase 80% dos entrevistados dizem que a decisão de Trump de acabar com o Status de Proteção Temporária para migrantes venezuelanos é "injusta".
43% dos entrevistados afirmam que os deputados na região de Miami, Mario Diaz-Balart, Maria Elvira Salazar e Carlos Gimenez, não defenderam os estrangeiros diante da política migratória de Trump.
41% dos eleitores entrevistados na pesquisa disseram que não irão apoiá-los nas próximas eleições, em 2026. Apenas 31% disseram sim.
Trump venceu a eleição na região em Miami por cerca de 125 mil votos sobre Kamala Harris. O resultado foi decisivo para ele ter se transformado no primeiro republicano a vencer na região desde George Bush em 1988.
Mas o Fórum de Opinião Pública Latina agora indica que quase metade dos que declararam ter votado em Trump em 2024 disseram que se arrependem de sua decisão ou têm sentimentos contraditórios sobre a escolha que fizeram.
Políticos republicanos mudam de postura
O mal-estar da comunidade latina com Trump também começa a ser sentida entre políticos locais que, em 2026, enfrentarão as urnas.
A senadora estadual Ileana Garcia (Republicana), que representa um distrito repleto de latinos e é filha de refugiados cubanos, é uma que agora se diz "profundamente decepcionada" com as ações de Trump.
"Quero deixar isso bem claro: Não foi para isso que votamos", escreveu. "Sempre apoiei Trump em todos os momentos. No entanto, isso é inaceitável e desumano", alertou.
"Entendo a importância da deportação de estrangeiros criminosos, mas o que estamos testemunhando são medidas arbitrárias para caçar pessoas que estão cumprindo suas audiências de imigração - em muitos casos, com alegações confiáveis de medo de perseguição", disse.
A deputada federal republicana Maria Elvira Salazar, aliada do bolsonarismo, foi outra que foi obrigada a se explicar e prometeu conversar com a Casa Branca para "explicar pessoalmente a terrível situação que está ocorrendo no sul da Flórida" com os imigrantes.
"Tenho orgulho de ser republicana e meu compromisso é com os residentes do 27º Distrito da Flórida. Sempre estarei ao lado da justiça e de nossa comunidade", disse.
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